Em reunião no último domingo, 18, em Nova Iorque, a Comissão de Banda Larga da União Internacional de Telecomunicações (UIT) fez uma série de recomendações de políticas centradas na conectividade para acelerar o progresso no cumprimento das metas de desenvolvimento sustentável da ONU para 2030. Para o órgão é necessária a cooperação público-privada para desenvolver estratégias nacionais para aprimorar as habilidades digitais e avançar a conectividade escolar.
Composta por representantes dos setores público e privado, a comissão entende que as tecnologias digitais devem formar a base da educação e do desenvolvimento de habilidades à medida que as comunidades continuam a se adaptar às realidades provocadas pela pandemia do Covid-19.
"Fizemos um progresso significativo globalmente para garantir que o acesso universal à banda larga continue a melhorar, mas ainda há muito a ser feito", disse Paula Ingabire, Ministra de Tecnologia da Informação e Inovação de Comunicação de Ruanda, representando o presidente de Ruanda, Paul Kagame, copresidente da Comissão. "A missão da Comissão de Banda Larga ainda soa tão relevante hoje como quando foi formada. Devemos continuar a lutar pelo acesso universal a serviços de comunicação de banda larga significativos, seguros e sustentáveis que reflitam os direitos humanos e das crianças. Parcerias público-privadas continuam a ser uma tática chave para nos permitir atingir este objetivo", explica Ingabire.
Metas para banda larga
Na tentativa de mobilizar esforços para alcançar a conectividade universal – o objetivo internacional de conectar toda a humanidade à Internet – a Comissão de Banda Larga criou a agenda "2025 Advocacy Targets", que se concentra em fornecer diretrizes políticas e programáticas para ações nacionais e internacionais no desenvolvimento de banda larga. Em recente estudo, a UIT apontou que cerca de 2,7 bilhões de pessoas – um terço da população global – ainda não têm acesso à Internet, com ainda menos pessoas desfrutando de acesso confiável à banda larga.
"A expansão bem-sucedida e a rápida adoção da conectividade de alta velocidade experimentada nas últimas décadas, e especialmente nos últimos dois anos da pandemia, foi transformadora para nossas vidas diárias, sociedades e economias", disse o copresidente da Comissão e dono da América Móvil (controladora da Claro Brasil), Carlos Slim. "Os serviços digitais que se mostraram tão essenciais durante esta crise ainda estão fora de alcance, muito caros ou complicados de usar para muitas pessoas ao redor do mundo", prossegue o representante do setor privado.
Educação e PMEs
Durante a reunião, convocada antes da Cúpula da Educação Transformadora da ONU na abertura da 77ª Sessão da Assembleia Geral da ONU, a Comissão pediu conectividade universal, inclusiva e acessível para a transformação digital da educação.
"Acelerar a banda larga para as novas realidades de um mundo em rápida mudança é tão importante quanto oportuno", disse Catherine M. Russell, Diretora Executiva do Unicef e comissária da Comissão de Banda Larga. "A UIT lançou a iniciativa Giga com este grupo de Comissários, conectamos mais de 2 milhões de crianças à Internet. No entanto, a crise global de aprendizagem continua real e a pandemia a agravou. A Cúpula da Educação Transformadora é uma rara oportunidade para impulsionar novas compromissos e investimentos em inovação para que possamos alcançar todas as crianças", disse a representante da Unicef
A reunião também explorou abordagens inovadoras para aumentar a acessibilidade de acesso a serviços e dispositivos digitais – inclusive para trabalho e aprendizado em casa – com foco em micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) e nas populações mais vulneráveis. As abordagens examinadas consideraram o ambiente econômico atual.
"Estou satisfeito que as MPMEs sejam destacadas no relatório State of Broadband deste ano", disse o secretário-geral da UIT, Houlin Zhao, co-vice-presidente da Comissão. "A inovação não vem apenas da grande indústria. contribuições nesta área, e devemos continuar a trabalhar para garantir uma maior participação das pequenas empresas em todo o trabalho da UIT."
Debate multissetorial
Mais de 40 comissários e representantes participaram da reunião da Comissão de Banda Larga composta por líderes governamentais, bem como chefes de organizações internacionais, empresas do setor privado, sociedade civil e academia. Entre outros tópicos, os participantes discutiram como a conectividade e as inovações tecnológicas estão permitindo uma rápida adaptação à educação híbrida; capacitar os alunos por meio de recursos e dados de educação aberta; capacitação dos funcionários públicos para uma transformação digital eficaz; e fornecer plataformas para fortalecer a alfabetização necessária para navegar nos espaços digitais.
Relatório do Estado da Banda Larga 2022
Na reunião, a Comissão de Banda Larga lançou seu Relatório Anual do Estado da Banda Larga, com foco nas realidades em mudança da era da pandemia. De acordo com o relatório, o Covid-19 provocou um aumento no uso da Internet, mas os desafios à conectividade universal permanecem. O relatório também explora quatro barreiras principais para alcançar a conectividade universal: falta de habilidades, falta de acesso, falta de dispositivos e falta de meios para pagar pelos equipamentos necessários.
Enfrentar a persistente exclusão digital e cumprir as metas de advocacia da Comissão requer estratégias, políticas e um ambiente regulatório favorável, diz o documento. Esse ambiente deve incentivar serviços de banda larga acessíveis, significativos, seguros e inclusivos, e deve atrair o grande investimento necessário. Os comissários que lideram grupos de trabalho sobre acesso a smartphones e capacitação em IA apresentaram resultados e recomendações de seus relatórios finais. As conclusões preliminares do documento de discussão provisório do Grupo de Trabalho sobre Dados para Aprendizagem também foram apresentadas.
