David Wajsgras, CEO da Intelsat, deu detalhes sobre a estratégia da empresa durante apresentação na Satellite 2024, que acontece esta semana, em Washington. Ele destacou as mudanças na estratégia da Intelsat desde que a companhia encerrou o seu processo de reestruturação financeira, há cerca de três anos, e passou a priorizar também o segmento de governo e, principalmente, serviços.
"O caminho de crescer receitas é por serviços gerenciados. Foi por isso que compramos a GoGo, para atender os nossos serviços de comunicação embarcada. E o mesmo vale em outras áreas. Fazemos a engenharia, integração, instalação, monitoramento". O avanço foi maior em algumas verticais do que em outras, reconhece ele, mas a ideia é ter isso em todos os setores.
Ele disse que o mercado de comunicação embarcada é muito competitivo, mas muito importante para a Intelsat, e a estratégia é a oferta multi-órbita, com a combinação da constelação geoestacionária da Intelsat com a capacidade de órbita baixa da OneWeb.
"Em um ano conseguimos mais contratos com essa estratégia do que em três quando tínhamos apenas a estratégia geoestacionária". Ele diz que outra estratégia é a segmentação do WiFi dentro das aeronaves, para capturar todo tipo de clientes, mas assegurando que todos usem a conectividade.
A Intelsat também quer desenvolver o mercado de Land Mobility, que envolve mineração, serviços governamentais, agricultura e construção. "É um mercado relativamente novo e que tem muita coisa na fila para ser feita, e esse segmento deve ser muito importante para nós".
Investimentos e verticalização
Para o executivo, as questões de endividamento da empresa estão sendo equacionadas, com a dívida reduzida em US$ 3 bilhões em cerca de três anos, quando a empresa quer chegar a uma situação de cash flow positivo.
"Isso nos dá flexibilidade para novos investimentos. E nosso foco é em novas empresas espaciais, novas geografias, novos canais de mercado e, obviamente, parcerias. É aí que vamos investir", diz ele.
Por exemplo, investir em empresas de terminais, como a hiSky. "São terminais de baixo custo ou de alto custo, mas que se encaixam em nossa estratégia de atender novos mercados. Já estamos investindo nelas", diz ele. Outro exemplo é a Aalyria, uma empresa de orquestração de órbita que tem solução de comunicação por laser.
Estratégia para MEO
Sobre a estratégia de investir em uma constelação de órbita média (MEO), Wajsgras disse que até o final do segundo trimestre devem tomar uma decisão sobre continuar a buscar modelos de negócio que justifiquem esse pesado investimento.
"Nos últimos meses, tivemos muitas conversas com segmentos militares e vimos muito interesse no que estamos planejando e nas potenciais parcerias. Há muitos benefícios que podem vir dessas parcerias, como edge processing ou cloud in the sky. São esses modelos que vão dar suporte nossos planos", disse ele, sem dar mais detalhes.
Segundo o CEO da Intelsat, "a estratégia multi órbita está hoje baseada na parceria com a OneWeb, e isso é um diferencial, mas há benefícios potenciais com a estratégia MEO, e no futuro ele vejo um mundo em que a Intelsat venha a operar nas três órbitas de maneira efetiva" .
Sobre o mercado de comunicação direta entre dispositivos e satélites, ele diz que a empresa está estudando mas será um mercado de desenvolvimento lento, que passa por questões regulatórias e implicações globais. "Na Intelsat estamos próximos de investir em uma empresa que tem essa tecnologia e acordos com várias operadoras de telecomunicações. Estamos conversando com eles há algum tempo e não apenas vamos investir mas dar acesso ao nosso espectro".
Consolidações
Ainda segundo Wajsgras, as consolidações que vemos agora não chegaram ao fim. Segundo ele, haverá ainda outras operações. Haverá menos empresas "de escala" (empresa tradicionais), novas empresas entrando e dando a velocidade e trazendo novas tecnologias e muitas consolidações entre estas empresas". Segundo ele, a Intelsat "está aberta a fazer qualquer tipo de consolidação".