A Vivo está finalizando a migração de um data center em Campinas (SP) dedicado ao desenvolvimento, homologação e pré-produção de produtos para a infraestrutura de nuvem da Oracle, em movimento parte da estratégia de digitalização da operadora.
A transferência do ambiente para a Oracle Cloud Infrastructure (OCI) está cerca de 90% concluída, com previsão de término no mês de maio. Os trabalhos seguem acordo firmado ainda em 2021 entre as duas empresas e devem resultar na desativação do data center no interior paulista.
"Nosso desenvolvimento interno e fábrica de software para criação é um dos nossos pilares", expliucou o diretor de TI, infraestrutura e plataformas de cloud da Vivo, Daniel Falbi, em entrevista ao TELETIME. Ainda que não falando diretamente com a operação em tempo real da rede, as funções de pré-produção, homologação e desenvolvimento são essenciais no lançamento de produtos e serviços pela operadora.
Com a migração para a OCI, a expectativa é reduzir em 30% ou mais este go-to-market de novas aplicações – uma vez que setups que poderiam demorar alguns dias no ambiente físico poderão ser provisionados "com um clique" no virtualizado. Além disso, uma natural redução de custos entre a operação proprietária do data center e o novo modelo é esperada – e avaliada em 18% a 25% diante do opex exigido atualmente.
"O apelo nunca pode ser drivado simplesmente em custo. O dinheiro é pilar mais importante, mas também há relação direta com a eficiência operacional", notou Falbi, ao destacar a redução do tempo de go-to-market. A estratégia ainda deve gerar redução significativa no consumo de energia da Vivo, em movimento ligado à estratégia de ESG da operadora.
Diretor de cloud da Oracle para os setores de telecom e mídia, Moisés Medeiros destacou as dimensões do projeto. Além da migração de cerca de 3 mil máquinas virtualizadas da Vivo, o processo envolve também a transferência de um grande volume de máquinas físicas, em etapa complexa na qual a migração atualmente se encontra.
Já fator que contribuiu com a mudança foi a compatibilidade da OCI com tecnologia da VMware; o mesmo virtualizador já era utilizado pela Vivo, o que facilitou os trabalhos, segundo Medeiros.
Próximos passos
"Não ser um ambiente produtivo foi um passo pensado; se não levássemos primeiro o desenvolvimento o risco seria maior. Agora que movimentamos o primeiro [data center], estamos estudando outras coisas", afirmou o diretor da Oracle, vislumbrando o futuro da parceria com a Vivo.
Hoje, a operadora tem uma estratégia multi cloud para a nuvem, se engajando tanto com a parceira quanto outros players como Microsoft Azure, Google Cloud e AWS. Segundo Daniel Falbi, os próximos passos da estratégia da Vivo para a área envolvem a avaliação de quais workloads podem ser migrados, independente do provedor.
"Tudo está sendo feito de forma agnóstica com cada parceiro. Nossos próximos passos falam de ambiente produtivo e ambientes core, que exigem análise muito minuciosa sobre o que faremos – cada um com uma estratégia diferente. Não vamos fazer corrida maluca para a cloud", sinalizou o diretor da Vivo.
Para Falbi, muitas das barreiras que dificultavam a migração de operadoras de telecom para o ambiente de nuvem já foram superadas – mas não todas. Entre os desafios operacionais presentes estão o planejamento de capacidade, que deixa de ser questão física para se tornar um tema de gestão financeira. Os componentes de capacitação de profissionais e segurança seriam outros temas de atenção.
Vale lembrar que a Vivo é uma das operadoras que têm estudado a operação do core de rede 5G na nuvem, com projeto de infraestrutura híbrida anunciado no ano passado e que tem a AWS como parceira de cloud.
Telcos
No caso da Oracle, o relacionamento da operadora é de longo prazo e dura décadas, com cerca de 90% das bases de dados rodando ao lado da parceira. O contrato para migração do data center em Campinas, contudo, foi o primeiro firmado com a área de cloud da norte-americana.
Na região, a OCI também teve trabalhos ao longo de outras empresas do setor – inclusive migrando 100% de um data center da TIM em Santo André (SP), com milhares de aplicações como billing. A empresa ainda atuou em projetos ao lado da Sky e também da DirecTV, na Argentina.
"Em OSS [sistemas de suporte operacional], orquestração e TI já tem um movimento começado. Já no core de rede ainda se tem problemas não técnicos – pois o 5G já está em kubernetes e virtualizado -, mas às vezes financeiramente não comporta. Tem um breakeven que o setor ainda está pensando", afirmou Medeiros.
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