A Winity concluiu um estudo para avaliar o potencial de mercado para uma quarta operadora no mercado brasileiro, com a proposta de operar como uma empresa de infraestrutura que constrói e opera redes de terceiros. O estudo, realizado em parceria com a Amdocs (com quem a empresa anunciou recentemente uma parceria), concluiu que se hoje apenas 18% do território brasileiro estão cobertos com redes móveis, esse percentual pode subir com 27% se somadas as obrigações e potencial econômico do 5G.
A Winity estima que, do potencial adicional de mercado, ela poderia se beneficiar com um ganho de 19 mil novos sites em 10 anos, dos quais 14 mil conectados com redes 5G.
Seriam, aproximadamente, 7 mil sites a serem implementados para atender ao mercado de 3,5 GHz regional; outros 5 mil sites viriam da própria obrigação da Winity de atender às metas da faixa de 700 MHz; e outros 3 mil sites viriam das outras obrigações do edital de 5G. Mas a operadora enxerga, a partir do estudo, um potencial ainda de cerca de 5 mil sites em áreas com cobertura ineficiente e que poderão atender aos mercados de agro, logística e mineração, por exemplo. O desenvolvimento desses mercados verticais representa, portanto, quase 25% do potencial de mercado que a Winity espera capturar.
"Para conseguirmos capturar e atender esse mercado potencial, precisamos de um modelo sustentável e que permita os R$ 12 bilhões necessários em investimentos", diz Sergio Bekeierman, CEO da Winity, em entrevista a este noticiário. Segundo ele, o fundo controlador da Winity, o Pátria, está em condições de ampliar os investimentos na operação, assim como outros potenciais investidores, para que a Winity possa buscar esse mercado de 19 mil sites. Hoje, a Winity tem obrigações que totalizam cerca de 5 mil sites e para os quais estão previstos cerca de R$ R$ 3 bilhões em investimentos.
A análise da Winity não é por acaso: além de ajudar no seu planejamento de negócio e subsidiar possíveis parceiros, essa análise do potencial de mercado serve também para justificar, do ponto de vista econômico, a parceria com a Vivo que está sob análise da Anatel. "A nossa estratégia de capturar todo esse potencial demanda uma rede totalmente competitiva, sem sobreposição, com compartilhamento e máximo aproveitamento das sinergias", diz o CEO da Winity.
Economia de R$ 24 bilhões
Segundo Bekeierman, o aluguel de metade do espectro para a Vivo em 1,1 mil cidades (ou exploração industrial de radiofrequência, como a operação estaria enquadrada do ponto de vista regulatório) permite à empresa economizar R$ 24 bilhões, somando capex (R$ 12 bilhões) e opex (outros R$ 12 bilhões) que seriam gastos para ativar a rede e operar nestas cidades. Mas, segundo a Winity, a outra metade do espectro nestas cidades ainda pode ser explorada em modelos parecidos com os da Vivo (em que o cliente construiria a rede, apenas alugando o espectro da Winity), ou em modelos alternativos, como redes privativas. No momento, diz o executivo, há 10 negociações abertas com potenciais parceiros para a rede nacional da Winity, que segue na estratégia de diversificar a quantidade de parceiros.
Nas outras 4,5 mil cidades nas quais a Winity não está alugando espectro para a Vivo, diz Bekeierman, há um mercado de 42 milhões de pessoas que poderiam interessar aos provedores de pequeno e médio porte.
Segundo o executivo, o estudo mostra que existe um potencial de mercado muito grande a ser buscado pela Winity e pelos parceiros. "Somos um novo entrante com capacidade e condições de expandir e operar infraestrutura para parceiros. Entendemos que o mercado se torna melhor com a nossa presença", diz ele. A empresa está oferecendo partes do estudo a potenciais parceiros para que eles vejam o potencial de negócio.
Explicações à Anatel
Bekeierman confirma que a Anatel pediu à empresa informações adicionais sobre a parceria com a Vivo e afirmou que um pacote de estudos, documentos e respostas ao questionamento seria entregue nesta quinta, 15. Seria um conjunto com respostas ao questionário da Anatel e esclarecimentos sobre a operação; explicações mais detalhadas sobre o modelo de negócio e a relação com outros potenciais clientes; a construção do relacionamento com a Vivo, incluindo a assinatura dos documentos de sigilo (NDA) e entendimento prévio (MOU); pareceres técnicos sobre o modelo; e análises jurídicas sobre Exploração Industrial de Radiofrequência e sobre como o modelo permite o uso eficiente do espectro.
"Temos toda a intenção de esclarecer a Anatel sobre todos os pontos. Sabemos que é um modelo novo, inovador e com elementos regulatórios inéditos, por isso é natural que haja dúvidas. Mas estamos explicando que existe um racional no nosso acordo (com a Vivo) e um modelo pró competitivo", diz o CEO da Winity.
A empresa tem sido criticada por operadores regionais pelo acordo com a Vivo, sobretudo por conta do aluguel de espectro, o que inviabilizou, na visão de players regionais, o uso da rede da Winity nas principais cidades brasileiras. Na semana passada, durante o encontro da Associação NEO, que representa pequenos e médios operadores, a Winity recebeu críticas da Brisanet e da própria Anatel, que avaliou que nas condições que foram apresentadas, a parceria com a Vivo dificilmente seria aprovada.