Realizando uma diversificação de negócios a partir de parcerias, a TIM encara o mercado de geração distribuída compartilhada como potencial oportunidade de negócio, afirmou o vice-presidente de novos negócios e inovação da operadora, Renato Ciuchini, ao TELETIME.
A abordagem deve ocorrer a partir da plataforma de clientes da TIM, que tem servido como canal para aquisição de usuários por parceiras em troca de equity e remuneração. Na área da energia, uma eventual operação do gênero está sendo avaliada ao lado da assessora financeira Lazard.
Um dos aspectos em análise é a disponibilidade de ofertas para contratação da geração distribuída compartilhada entre os cerca de 65 milhões de clientes da operadora, explicou Ciuchini. Na modalidade, o consumidor adquire a energia de fazendas solares em modelos como consórcio ao invés de instalar um painel no próprio telhado.
Uma das exigências, contudo, é que todos membros da partilha sejam atendidos pela mesma concessionária distribuidora de energia. No cenário, a figura de uma "energytech" que atue na integração tecnológica entre concessionárias e clientes é tida como ator importante para a cadeia, notou a TIM. "Não queremos ser a geração nem a energytech, mas facilitar a contratação", afirmou Ciuchini.
Monetização
A monetização da plataforma de clientes tem transparecido nos números da TIM, que somou R$ 88 milhões com a vertical nos seis primeiros meses do ano (alta de 93%). Além da venda de publicidade digital e de "inteligência de dados" (para fins como score e validação de informações), a empresa também conta com as parcerias estratégicas que ainda envolvem participação nas parceiras.
O modelo foi aplicado junto ao C6, habilitando mais de sete milhões de usuários ativos para o banco desde o início do acordo – e resultando em participação de equity de 5,16% para a TIM. Vale lembrar que o tema é objeto de arbitragem, que a operadora espera ver concluída no começo de 2023.
A abordagem também foi usada na área educacional ao lado do Cogna, parceiro para a plataforma de educação à distância Ampli (que tinha 180 mil alunos matriculados com ajuda da TIM ao fim do segundo trimestre). Além da geração distribuída, outro mercado que deve ser inserido na estratégia é o de telemedicina, em processo onde a empresa também tem apoio da Lazard.
"Já passamos um bom tempo discutindo um modelo de negócios que faça sentido e estamos trabalhando para anunciar nos próximos meses. Hoje, temos um modelo de negócios bastante promissor, que tem que passar por todo processo de aprovação", adiantou Ciuchini, ao TELETIME.
Momento
Para o VP de novos negócios da TIM, a plataforma de clientes oferecida pela empresa se tornou mais relevante no cenário de menor liquidez e ida do capital para renda fixa que causou turbulência em muitas startups. "Esse business ficou mais relevante. Antes, podia ocorrer um cash burn e não ter problema, mas hoje a preservação de caixa é muito importante para elas – o que deu para a plataforma de clientes um valor maior do que tinha antes".
Em paralelo, Ciuchini também acredita em uma recuperação nos valores de mercado de muitas empresas. "Algumas operações tiveram valuation um pouco inflado neste período de extrema liquidez de 20-21 e agora houve correção acelerada, mas tem muito potencial para várias delas recuperarem no próximos anos. Um meio termo ainda deve acontecer na medida que a queda dos juros e do custo de capital acontecerem".
No momento, a empresa segue trabalhando na aproximação com startups. Além do lançamento de um hub 5G no Cubo Itaú, a empresa promoveu nesta quinta-feira, 15, um TIM Talks ao lado da comunidade, do boostLab (programa de startups do BTG Pactual), da plataforma Distrito e da Lazard.
