Software dos set-top boxes de TV a cabo caminha para a nuvem

O mundo das aplicações baseadas em nuvem chegou à TV a cabo. Não apenas nos serviços de vídeo on-demand, mas também nos guias de programação, ferramentas de recomendação e interação, aplicativos e redes sociais. Essa era a grande novidade da maior parte dos fornecedores de equipamentos, sobretudo set-top boxes, que se apresentaram na Cable 2011, maior evento de TV por assinatura do mundo, que acontece esta semana em Chicago. Em vez de embarcar softwares cada vez mais complexos e com mais funcionalidades na própria caixa, a ideia agora é ter caixas leves (e baratas) mas que consigam rodar remotamente aplicações complexas hospedadas no servidor.
Não se pode dizer que o conceito seja novo, já que as aplicações tradicionais de vídeo sob demanda já traziam esse conceito e as caixas de IPTV utilizadas pelas teles, quase todas, têm algum nível de virtualização. Mas para operadores de TV a cabo a mudança de paradigmas é grande.
A Comcast aproveitou a Cable 2011 para lançar oficialmente a sua plataforma Xfinity. Trata-se de uma remodelagem de toda a interface de usuário das caixas da operadora, com a novidade que tudo roda em nuvem. Com isso, a Comcast espera ser capaz de fazer a mudança no maior número possível de clienets no menor tempo possível. "Outra vantagem é que qualquer mudança no software pode ser feita instantaneamente", disse Brian Roberts, presidente da Comcast, após a sua demonstração. Note-se que no caso da Comcast, as aplicações não ficam nem mesmo hospedadas no headend. O controle de tudo o que acontece nos set-tops está sendo feito em Denver, diz Roberts.

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Outra vantagem da virtualização da interface do usuário e do set-top box com software em nuvem é que as ferramentas de busca de programação, recomendação e interação com redes sociais podem ser muito mais efetivas, pois passam a ter acesso a base de dados maiores e integram todos os telespectadores que estejam conectados ao mesmo tempo. Além disso, existe uma vantagem que não é apregoada pelos operadores para não criar interpretações equivocadas sobre privacidade; mas todos os fornecedores revelam que é possível ao operador de cabo ter com sua interface de usuário na nuvem um controle muito maior sobre o que o cliente está assistindo e sobre seus hábitos de consumo, o que cria uma ferramenta poderosa de controle de audiência.
Diferentemente das plataformas de IPTV, o fato das aplicações do set-top box das operadoras de cabo estar sendo colocado em nuvem não significa que o vídeo está sendo entregue pela rede de dados IP. A transmissão de vídeo continua sendo feita da forma tradicional, o que é uma vantagem em relação à comodidade no tempo de troca de canais e gravação de conteúdos simultâneos.
Apesar das mudanças, Brian Roberts, da Comcast, não acredita que o set-top box vá desaparecer e ser substituído por um simples aplicativo na TV. "O set-top continua necessário para entregar o conteúdo de TV, ainda mais com o desejo crescente dos usuários pela possibilidade de gravação (DVR). O que acontecerá é que ele deve ser menor e mais barato com o tempo. E com as tecnologias de controle remoto que utilizam RF em vez de infravermelho, poderão ser colocados em qualquer lugar da sala, mesmo fora da linha de visão do controle", disse.
Multidispositivos
Vários fornecedores demostravam em seus estantes na Cable 2011 soluções para que os set-tops funcionassem em nuvem. Outro destaque foi a integração entre dispositivos, o que ficou claro no portfólio apresentado pela Motorola, que este ano pela primeira vez chegou ao show com a unidade de celulares e tablets incorporada à mesma divisão de equipamentos de TV por assinatura. O esforço da fabricante norte-americana é oferecer aos operadores de cabo ferramentas para que a integração de aplicativos e conteúdos entre o set-top e os dispositivos móveis seja a mais simples possível. Vale lembrar que há um ano, a integração entre iPad e o set-top box era apenas uma proposta de inovação lançada pela Comcast.

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