O desfecho da venda dos ativos móveis da Oi para as concorrentes Claro, TIM e Vivo foi considerado positivo para as quatro envolvidas na operação, acreditam analistas de mercado. A consolidação pode inclusive ampliar as margens de lucratividade do setor nos próximos anos.
Em relatório publicado nesta terça-feira, 15, a Credit Suisse apostou para este diagnóstico. "A menor competição e maior escala [ocasionadas pelo negócio] devem levar a um aumento geral da lucratividade", afirmou a instituição, destacando a captura de sinergias.
"Esperamos que a receita incremental proveniente da Oi seja incorporada a uma margem Ebitda elevada, especialmente após o segundo ano, quando a maior parte do processo de transição será concluída e as torres redundantes, eliminadas", prosseguiu a Credit – estimando a aprovação do negócio para o quatro trimestre de 2021. A empresa não acredita que "remédios significantes" sejam exigidos pelo Cade.
Ganha-ganha
De modo geral, o cenário foi classificado como um "ganha-ganha-ganha" para as compradoras e para a própria Oi, que fechou o negócio por uma cifra (R$ 16,5 bilhões) maior que o lance mínimo inicial exigido pelos ativos móveis (R$ 15 bilhões).
"A Vivo deve recuperar sua posição de líder em termos de participação geral de espectro. [Já] a TIM deve reduzir significativamente a lacuna de espectro em relação aos concorrentes, além de receber uma quantidade relevante de assinantes móveis", prosseguiu a Credit Suisse.
Por último, a Claro ainda "deve aumentar sua participação no mercado móvel, pois receberá uma boa quantidade de assinantes", segundo o relatório. A avaliação é que a participação da empresa na oferta conjunta será muito importante para minimizar possíveis problemas na análise concorrencial. A análise do Credit Suisse foi assinada pelos analistas Daniel Federle e Felipe Cheng.
Consolidação
Analista da Ativa Investimentos, Leo Monteiro também traçou um panorama otimista. "O resultado, apesar de já ser amplamente esperado por boa parte do mercado, é positivo tanto para Oi, que conclui um pilar fundamental de seu plano de Recuperação Judicial, como também para os três demais players, que devem se consolidar como as principais operadoras móveis do País".
A corretora fez destaque especial para TIM, "que, por possuir menor espectro, deve abocanhar a maior parte da operação". Monteiro também pontuou que os ativos da Oi móvel são especialmente interessantes por se concentrarem em frequências ideais para a expansão do 4G. Os detalhes do fatiamento entre Claro, TIM e Vivo podem ser conferidos aqui.
Ações
Ao longo desta terça-feira, 15, as ações ordinárias da Oi na B3 (OIBR3) valorizaram 6,82%; as preferenciais (OIBR4) subiram 5,05%. Logo após o anúncio do acordo de venda nesta última segunda-feira, o papel OIBR3 havia caído 6,78% e o OIBR4, 9,69%.
Na TIM, a ação ordinária TIMS3 desvalorizou 1,5% nesta terça-feira após variação positiva de 0,48% no dia anterior. Já o VIVT3, papel ordinário da Vivo, caiu 0,33% após já ter recuado 2,47% na segunda-feira. A Claro não tem capital aberto no Brasil.