GVT quer reduzir investimento em dólar

A variação cambial que fez a dívida da GVT aumentar em R$ 60 milhões e levou a companhia a um prejuízo líquido de R$ 9,6 milhões no terceiro trimestre do ano já fez a empresa rever seus planos de investimento para os próximos anos. A principal medida a ser tomada, conforme revelou o diretor de relações com investidores, Rodrigo Ciparrone, é diminuir o percentual do Capex (investimento de capital) exposto à variação cambial de 43% para 39%. Para isso a empresa pretende aumentar a participação de fornecedores nacionais e aumentar o investimento em serviços e mão de obra. "Vamos fazer um trabalho ativo para nacionalizar o Capex o máximo possível", disse Ciparrone.
Outra medida que a GVT está tomando é de procurar os fornecedores para renegociar a taxa do dólar desses novos investimentos. A idéia da GVT é negociar com essas empresas uma taxa compatível com a que eles obtiveram na vinda dos equipamentos para o País e não a taxa atual. "Há uma disposição de parte dos fornecedores de renegociar o dólar abaixo do que está cotado atualmente", diz ele. Adicionalmente a GVT pretende ampliar a participação dos fornecedores nacionais. O executivo citou o caso da Trópico que forneceu o sistema para a portabilidade numérica. É importante ressaltar que essa renegociação refere-se ao investimento futuro e não à dívida.

Conforto

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Com relação à dívida a GVT, ao contrário do que possa parecer ainda está em uma posição confortável. A taxa média do endividamento da companhia, que vence em 2011, é de R$ 2,70. A GVT, na verdade, com o dólar em patamares antigos (na casa dos R$ 1,70), estava obtendo vantagem com a variação cambial. "Esse endividamento tem sido bom para nós até agora. O custo tem sido reduzido com relação ao dólar do endividamento", diz Ciparrone. O executivo reforça que a perda de R$ 60 milhões com a variação cambial é uma perda "não realizada" com possibilidade de reversão. Ou seja, é contabilizada no balanço, mas não sai do caixa da empresa. A GVT não tem contratos de hedge para proteger o principal da variação cambial e no momento ainda estuda se contrata a proteção para os juros. "Fazer hedging do principal é muito caro. Está fora dos planos. Precisamos ver como o mercado vai se comportar para ver como vamos lidar com o hedging dos juros principalmente no ano que vem", afirma Ciparrone.

BNDES

A GVT está em processo de contratação de uma linha de crédito junto ao BNDES no valor de R$ 500 milhões com carência de dois anos e juros máximos de 12% ao ano. A empresa frisou que o financiamento ainda não é certo. O financiamento, se obtido, está vinculado a aplicação em investimentos.
Com relação à possibilidade de a crise financeira frear o consumo e prejudicar a companhia, Rodrigo Ciparrone acredita que isso não deve acontecer no setor de telecom por ser "um serviço essencial". Adicionalmente, segundo ele, os clientes da GVT são de alto poder aquisitivo e estão, portanto, menos vulneráveis a um eventual encarecimento dos serviços ou restrição ao crédito. "A crise não afeta o nosso plano de expansão, apenas nos faz olhar com maior precisão os investimentos que vamos fazer".

Resultado operacional

Chama a atenção o bom resultado que a GVT teve no início da sua operação em Salvador e o bom desempenho que obteve com a portabilidade numérica. No primeiro mês em Salvador a penetração de ADSL sobre as linhas em serviço foi de 91%, ante média de 80%. As vendas de ADSL com velocidade superior a 1 Mbps foi de 60%, ante 34% da média das outras cidades. Em relação à portabilidade, iniciada em 1º de setembro em três cidades onde a GVT atua, as vendas nestas localidades estão 45% maiores do que antes da entrada da portabilidade.

Análise

Em relatório, a Ativa Corretora afirma: "mantemos a visão positiva para GVT, pois acreditamos que, apesar das preocupações acerca de taxa de câmbio e do mercado de crédito, dada a necessidade que a companhia terá de captação de dívida em 2009 para seguir com seu plano de investimento visando a expansão de suas operações, sua estratégia deverá continuar resultado em crescimento elevado de receitas e geração de caixa".

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