Para Globoplay, streaming vive momento desafiador, mas conteúdo nacional faz diferença

Rodrigo Penalva, Gerente Sênior de Gestão de Negócios da Globoplay

Rodrigo Penalva, gerente sênior de gestão de negócios da Globoplay, avalia que o mercado de streaming em todo o mundo, inclusive no Brasil, entrou em um novo momento, que busca racionalização de custos, quantidade de produções e consolidações.

Para ele, há um momento de "superpopulação" do mercado de streaming, com mais de 60 plataformas apenas no Brasil, e uma "super concorrência" pela audiência. Como exemplo, ele lembrou que nos Estados Unidos foram lançadas nada menos do que 481 novas temporadas de séries originais em 2023, o que dá pelo menos 1,3 estreia por dia. 

"Estamos em um momento que talvez seja o limite de grau de dificuldade do mercado. E ao mesmo tempo a gente está vendo alguns testes de velocidades de crescimento. Players que descontinuaram da América Latina, players que consolidaram ofertas… Esse movimento de testar limite de crescimento dos players que a gente vê nos Estados Unidos a gente vê no Brasil", disse o executivo durante o Seminário Brasil Streaming 2024, evento realizado pela TELA VIVA e pela TELETIME e que aconteceu nesta quinta, 11, em São Paulo.

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"Somos um dos poucos casos de plataformas locais que conseguem competir com os players globais crescendo à base de dois dígitos por ano. Esse crescimento constante ao longo de tanto tempo se deve ao conteúdo nacional. Temos 22 milhões de consumidores todo mês com 3 bilhões de horas consumidas, sendo 71% de conteúdo próprio Globo", diz ele.

Desaceleração e racionalização

Segundo Penalva, o mercado de streaming como um todo encontrou uma desaceleração de crescimento. "Isso faz com que as empresas de conteúdo se foquem mais em retenção e fidelização", diz ele, citando estratégias como o abandono do binge watching para todos os conteúdos e a preocupação em criar uma lógica de programação com grade de estreias dos principais títulos.

Em relação ao ritmo de produção, "diante da ótica de rentabilização, o que a gente tem buscado é uma maior eficiência", diz ele, lembrando que outros players têm cancelado produções.

Para o executivo, o mercado de venda direta ao consumidor é bastante desafiador por conta da pirataria, mas também da inadimplência e das fraudes com cartão, por isso ele destaca a importância de a Globoplay, desde o primeiro momento, ter investido em uma plataforma robusta de CRM para minimizar esses riscos, e o papel das parcerias de distribuição atuais.

"Demos um grande passo com a Claro e investimos muito em tecnologia para poder acelerar os projetos no B2B2C. E estamos nos adaptando à figura do ISP, do agregador do ISP, tateando novos canais", diz Penalva, em referência à parceria de distribuição com a banda larga da Claro e com o Claro TV+, e também com as parcerias com agregadores de conteúdos focados nos mercados de provedores.

Oportunidades abertas

"Existe uma oportunidade de crescimento com empresas de telecom e com agregadores. A gente procura fazer parcerias trazendo todos para dentro. Para isso, tem que ter um bom CRM, um bom marketing multicanal, para poder conseguir focar o investimento em conteúdos e em mídias digitais e entender o que funciona melhor para o que", diz ele, em referência às necessidades de agregar não apenas o conteúdo, mas marketing e comunicação dos conteúdos às parcerias.

Outro aspecto destacado por Rodrigo Penalva foi o desafio dos conteúdos esportivos fragmentados em diferentes plataformas. "A realidade dos direitos esportivos no streaming vai se tornar uma realidade no Brasil, e a pulverização pode ser um problema. A busca tem que ser sempre facilitar e convergir a oferta ao consumidor. Acho que no Brasil não deve fragmentar tanto, pelo que a gente acompanha das negociações, mas é um cenário que traz uma complexidade para o produtor de conteúdo".

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