A demora do governo federal em lançar oficialmente o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) não parece significar que a presidência desistiu do projeto. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva continua anunciando em seus discursos a intenção do Estado de entrar na oferta do serviço como forma de garantir que todos os brasileiros possam ter Internet em alta velocidade. Nesta sexta-feira, 12, Lula assegurou que o governo "levará banda larga aonde for necessário" e reafirmou que o plano existirá mesmo que as empresas não queiram colaborar.
"Estejam preparados que a banda larga vai sair. Ou as empresas privadas fazem parceria com o governo e a gente sabe o quê tem que fazer, ou o governo estará preparado para fazer se as empresas não quiserem fazer", declarou o presidente durante visita à fábrica da Positivo Informática em Curitiba. "Nós vamos levar banda larga aonde for necessário levar porque nós achamos que todos os brasileiros têm que ter igualdade de oportunidade."
Do Solimões a Osasco
Eletronet
Lula também falou da retomada das redes antes controladas pela Eletronet, alvo de polêmicas na mídia por seu uso no PNBL. O presidente mostrou-se incomodado com as críticas de que o governo pretende "estatizar" as telecomunicações com a criação do PNBL e mais uma vez foi irônico com as empresas do setor. "Meus filhos, nós demoramos cinco anos na Justiça para ganhar o direito de ter essa empresa de volta. E quando tivemos, começaram a dizer: 'Ah, porque o Estado quer se meter, porque o Estado quer mandar, porque o Estado quer estatizar'. E ai começam a dizer, as (empresas) privadas: 'Nós fazemos, nós fazemos, nós fazemos'. Eu dizia para os companheiros no governo: eles podem fazer, acho que eles devem fazer, mas só vão fazer na hora em que eles perceberem que o Estado está preparado para fazer", contou Lula. "E, se eles não fizerem, o Estado fará", arrematou o presidente.
"Coisa de bacana"
O presidente contou que a ideia de usar a rede Eletronet para massificar a banda larga no Brasil veio da percepção de que, se algo não fosse feito, a Internet iria se tornar "coisa de bacana" no país, sugerindo que apenas os ricos teriam acesso ao serviço. "E nós queríamos que o povo tivesse acesso, até para o povo também virar bacana, fazer um país onde todo mundo fosse bacana. Se o povo não pode pegar um avião e viajar, viaja na Internet, viaja e vai ganhando o mundo."
Dilma defende PNBL
A abertura da Conferência Nacional de Cultura, ontem à noite contou também com a participação da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que uniu o tema da noite à importância do PNBL. "Quando falamos do Plano Nacional de Banda Larga, falamos da quantidade de conteúdos que ela é capaz de disponibilizar para a população", afirmou a ministra. Para Dilma, o Brasil está fazendo história com a proposta de expansão da banda larga como um veículo para a diversidade cultural.
A ministra afirmou que durante anos o Brasil teve um Estado impositivo com relação à política cultural, criando uma "política elitista" no país. "Depois tivemos um Estado omisso", nas palavras de Dilma, que não tinha projeto na área e beneficiava apenas poucos grupos. "Hoje o Estado não se impõe, mas também não se omite. É um Estado parceiro, que impede a formação monopólica e que aposta na imensa diversidade", afirmou.
Além de estimular outros meios de veiculação de conteúdo, o PNBL também tem sido visto como um passo natural após o sucesso do Computador Para Todos. Nesta sexta Lula disse aos funcionários da Positivo Informática que espera que a empresa cresça ainda mais neste ano, com o amplo interesse da população por computadores, considerado o grande objeto de desejo da atualidade pelo presidente. "A minha geração sonhava com um Fuscão 1600. Vocês lembram? Hoje todo mundo quer um computador. O computador virou hoje quase uma necessidade. É quase o oxigênio que a gente respira", afirmou Lula, completando que, hoje, muita gente mal acorda e já vai para o computador "ler notícias".