A perda de mercado que a telefonia fixa vem experimentando nos últimos anos pode contar com uma ferramenta para dar a volta por cima: a voz sobre IP. A opinião é do diretor executivo de desenvolvimento de negócios da GVT, Sergio Paulo Gallindo, para quem o conceito de distância desaparece com essa tecnologia que, apesar de não ser recente, traz como novidade o protocolo SIP com o usuário conectado no computador e na rede privativa virtual (VPN). A GVT lançou VoIP para telefonia local em setembro e até agora já conta com 1,5 mil linhas Webphone comercializadas para a área de varejo e 3 milhões de minutos contratados do mercado corporativo. Dessas linhas, 90% estão em sua área de atuação, por enquanto, e a expectativa é de que o tráfego da operadora aumente.
Gallindo, que participou do seminário "Serviços Corporativos: VoIP e as novas tecnologias", nesta quinta, 11, em São Paulo, classifica o uso da VoIP como um novo serviço de comunicação, integrado e superior, e não um serviço alternativo, que deverá trazer em sua esteira o aumento da demanda por banda larga. Os principais impactos da VoIP para as operadoras deverão ser, segundo Gallindo: 1) queda nas receitas de longa distância, pois os usuários passarão a fazer essas ligações via VoIP; 2) redução das tarifas para chamadas de longa distância, como uma reação natural das teles para reter clientes. Secundariamente, a GVT acredita que a demanda por serviços de VoIP impulsionará o mercado de banda larga, pré-requisito para a oferta de voz sobre IP.
A GVT, segundo Gallindo, ao lançar o 25, seu código de seleção de prestadora, há poucos dias, com ofertas consideradas agressivas para atrair o cliente, estava sinalizando ao usuário que um novo paradigma de custos irá se implantar. Nas ligações DDD/DDI serão cobrados R$ 0,17/minuto mais os impostos para os 25 principais países que recebem essas chamadas. Isso significa, segundo a operadora, uma economia de mais de 75% em relação ao concorrente mais barato. No DDD, a tarifa é mais cara, de R$ 0,25/minuto mais impostos e, ainda assim, cerca de 40% mais econômica que as dos concorrentes no horário comercial.
Queda de preço
Segundo Gallindo, se os competidores têm redes mais eficazes, investem em seus backbones e têm o payback mais rápico, por que não reduzem o preço também? Em sua opinião, é possível ser uma prestadora de serviços eficiente e transferir benefícios obtidos para os usuários. A GVT, que começou como espelho da Brasil Telecom, já caminha para uma receita de R$ 1 bilhão em 2005 e Ebitda de 30%. O balanço deste ano ainda não foi publicado, mas o Ebitda está acima de 20% e a última receita, de 2003, foi de R$ 600 milhões.
O executivo também criticou a iniciativa da Brasil Telecom, que teria bloqueado serviços de VoIP utilizados or seus usuários de ADSL, porque naturalmente não recebe por esse tráfego. Um assinante da BrT teria consultado se a GVT não bloqueia esse tipo de acesso, pois queria mudar de operadora. ?Nós respeitamos os clientes e não tentamos fazer bloqueios desnecessários?, garantiu Gallindo. No seu entender, se o assinante comprou o acesso banda larga tem que ter total liberdade para conectar qualquer dispositivo, rodar qualquer aplicação. ?Por que a operadora não restringe a troca de e-mails ou o messanger (troca de mensagens em tempo real)??, questionou, ao comparar: ?Não são também um tipo de comumicação??