Advogados de Carla Cico dizem que Kroll ainda opera

O advogado criminalista Nélio Machado, que defende Carla Cico e Daniel Dantas em relação à acusações de envolvimento no caso Kroll, classificou como ?arbitrário, inconsistente, abusivo e ilegal? o indiciamento da presidente da Brasil Telecom (BrT) por formação de quadrilha, corrupção ativa e divulgação de segredo. Machado afirma que não há qualquer embasamento para decretar o indiciamento e acusa a Polícia Federal de conduzir de maneira tendenciosa o inquérito. Oindiciamento foi feito nesta segunda, 11, após o depoimento de Cico, na Polícia Federal de Brasília.
?A investigação foi direcionada desde o começo. A PF rompeu com o princípio da presunção da inocência. Antes mesmo de se colher o depoimento, o delegado Romero Menezes já falava em indiciar Carla e Dantas?, disse o advogado. E acrescentou ter considerado estranho o fato de Luis Roberto Demarco e Nelson Tanure, dois desafetos de Dantas, terem prestado depoimento espontaneamente no inquérito. Machado entende, por exemplo, que Demarco não tem nada a ver com o assunto investigado. Tanure e Demarco, contudo, são citados em longas partes dos relatórios produzidos pela empresa de investigação, assim como outras dezenas de pessoas e companhias, que tiveram suas atividades devassadas pela Kroll. Informações confidenciais são repassadas por meio desses relatórios à Brasil Telecom. No caso de Demarco, emails pessoais roubados foram entregues à Kroll.
O advogado afirmou que o depoimento da presidente da BrT foi ?elucidativo e cabal? quanto à inocência da executiva. ?Carla Cico é uma executiva prestigiada no mundo inteiro. Não pode ser tratada como uma quadrilheira, uma bandida. O que houve foi um linchamento moral?, protestou. ?Se houve alguma irregularidade na investigação feita pela Kroll é culpa desta empresa, não da Carla. O contrato foi feito com a Kroll dos EUA e Carla só teve uma reunião com pessoas da Kroll do Brasil, cujos nomes ela nem se recorda?, relatou Machado. Ele confirmou que a Kroll ainda presta serviços para a BrT: o contrato firmado no exterior continua em vigor. A mesma informação que, segundo fontes de mercado, foi dada por Carla Cico à câmara de arbitragem de Londres, que analisa a volta da Telecom Italia ao controle da BrT.

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Hábeas corpus

O advogado entrou com um pedido de hábeas corpus na 5a Vara Criminal Federal de São Paulo na quinta-feira da semana passada, dia 7, solicitando que Carla e Dantas não fossem indiciados. A liminar não foi concedida, mas o mérito só será julgado depois de a Polícia Federal encaminhar à Justiça explicações sobre o indiciamento. No mesmo processo, o juiz solicitou a abertura de inquérito policial para investigar o vazamento de informações sigilosas sobre o caso para dois veículos da imprensa: Carta Capital e Jornal do Brasil.
Machado apontou o que considera ser outras falhas no inquérito da PF. Uma delas é o fato de o executivo Ângelo Janone ? ?o número dois na área de segurança da Telecom Italia?, segundo o advogado ? não ter sido convocado a depor. Janone esteve no Brasil no ano passado e encontrou-se com Thiago Verdial, o funcionário da Kroll que esteve preso no início das investigações da PF e que era o responsável direto pela coleta de informações para a empresa de investigação.
O advogado também reclama do fato de o processo ter sido aberto a partir de documentos que teriam sido subtraídos de maneira ilícita de computadores da Kroll.
Daniel Dantas será intimado nesta terça-feira, 12, no Rio de Janeiro. A expectativa é de que seu depoimento aconteça na quarta-feira, 13.

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