No início desta sexta-feira, 9, o Brasil viu a seleção perder para a Croácia nos pênaltis na Copa do Mundo do Catar, mas não ao mesmo tempo. As plataformas de streaming acabaram sendo menos utilizadas nas partidas brasileiras, mesmo oferecendo vídeo em resolução 4K e com cores melhores (HDR), por conta do significativo delay em relação à TV aberta. General manager e VP de vendas da Ciena para América Latina, Fabio Medina acredita que esse é um cenário que promete mudar, de fato, até pela demanda.
Para tanto, será necessário que os provedores de conteúdo invistam em arquitetura com foco na borda (edge). "É verdade, há um delay grande em conteúdo OTT, mas isso é algo que vai mudar. As estatísticas de audiência da Copa em outros dispositivos fora a TV cai crescer muito – a diferença entre a Copa da Rússia [em 2018] e a do Catar vai ser bem maior. É algo que vai precisar mudar", defendeu Medina em entrevista ao TELETIME nesta semana.
Além da infraestrutura mais otimizada para que o cache do vídeo seja repassado ao usuário mais rapidamente, ele acredita que o 5G poderá trazer uma mudança significativa, pelo menos para quem assiste às partidas pelo smartphone. Também reduzirá o delay o investimento maior em redes fixas de fibra, com GPON ou mesmo XGSPON, de acordo com o executivo. Medina explica ainda que há o fator de como as empresas estruturam a distribuição do conteúdo. "Sim, muitos broadcasters estão adotando práticas over-the-top, mas é preciso estar pronto para se reinventar. Precisa de mais data centers, mais 5G, mais PON", coloca.
Cabos submarinos
A Ciena é um dos grandes players de infraestrutura de longa distância (longhaul), fornecendo capacidade de transmissão inclusive para a radiodifusão por meio de cabos submarinos. Na visão de Fabio Medina, este é um mercado que ainda tende a crescer, acompanhando a evolução da demanda por dados.
Porém, ele concorda que houve, de fato, uma disponibilidade muito grande de cabos submarinos no País, o que poderia ter trazido algumas sobreoferta, considerando também que o custo do tráfego internacional (Brasil-Estados Unidos) seria "um dos mais altos do mundo". Assim, Medina avalia que modelos de negócios se basearam na premissa de competição por preço, o que causou um "choque no mercado". "Mas o tráfego continuou a crescer, e tem o cache de conteúdo também, com companhias entendendo quais são os conteúdos que precisam ser armazenados, e quais não precisam ser enviados. As empresas entenderam como melhor racionalizar", diz.