Costa defende política econômica ao tratar do Fust

Depois de comemorar a decisão do presidente da República em não contingenciar os recursos do Fundo de Universalização das Telecomunicações (Fust) a serem arrecadados no próximo ano, o que deve corresponder a cerca de R$ 600 milhões, o ministro das Comunicações Hélio Costa defendeu veementemente a atual política econômica do governo e os processos de contingenciamento. ?Eu não critico o governo anterior e nem o governo do presidente Lula porque a economia é tão fundamental para a estabilidade do País que somente quem está ali, na sua condução, sabe o que fazer. Não existe nada mais importante que a estabilidade da economia?. As declarações foram feitas durante audiência publica na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática na manhã desta quarta, 9.

Sem saber gastar

Na avaliação do ministro, mesmo que o presidente da República o autorizasse a gastar R$ 1 bilhão de Fust no próximo ano (o que não vai acontecer, já que a autorização deve ser para o que for arrecadado no próximo exercício), certamente haveria dificuldades para conseguir cumprir o objetivo. Ainda na avaliação de Costa, as dificuldades viriam das restrições legais impostas ao uso do fundo e das garantias exigidas pelo TCU. No momento, o ministro solicitou novo parecer ao Tribunal de Contas da União para avaliar a forma como estes recursos poderiam ser utilizados. Na compreensão do ministro Hélio Costa, não é possível usar o fundo, por exemplo, para fazer universalização da banda larga. Em relação a este assunto, o relator da lei do Fust, deputado Salvador Zimbaldi (PSDB/SP), garantiu ao ministro que a lei do Fust não trata de tecnologia justamente para evitar o engessamento da proposta. O deputado paulista lembrou que especificamente um dos itens sobre o tipo de projeto em que podem ser usados os recursos do fundo prevê a inclusão digital.

Notícias relacionadas
Já o deputado Walter Pinheiro (PT/BA) lembrou ao ministro que o conceito de universalização em um ambiente de convergência não é apenas a universalização do serviço de voz. Durante a audiência publica, o ministro ouviu apelos veementes para utilizar os recursos do Fust, inclusive do próprio presidente da Comissão, deputado Jader Barbalho (PMDB/PA), que se manifestou lembrando que em 2000, por ocasião da tramitação da lei do Fust no Senado, o então ministro Pimenta da Veiga o acusou de estar prejudicando o País se o projeto de lei não fosse aprovado naquele ano: ?já se vão cinco anos e nada, até agora?, disse Barbalho.

Recorrer à Justiça

O deputado Walter Pinheiro afirmou que seu "limite está próximo do fim" e que se até o final deste ano não houver perspectiva de usar os recursos do Fundo de Universalização, pretende entrar na Justiça para obrigar o governo a fazê-lo.
O deputado Júlio Semeghini, (PSDB/SP) depois de criticar o governo do próprio partido, lamentou o veto aposto pelo presidente Lula à lei orçamentária de 2006, em que se proibia formalmente o contingenciamento de recursos de fundos e de orçamento de agências reguladoras. ?Por que o presidente Lula vetou um dispositivo que não pretendia contestar na prática??, questionou Semeghini.

Corrigir as distorções da universalização

Pode-se inferir das repetidas declarações do ministro Hélio Costa que, apesar de toda a discussão sobre a inclusão digital e banda larga nas escolas para a população pobre, os recursos do Fust devem mesmo ser utilizados para a telefonia fixa. O ministro referiu-se várias vezes ao fato da universalização das telecomunicações não estar completa, especialmente no Norte e no Nordeste do País, onde pode-se considerar que apenas 20% da universalização foi cumprida (o ministro não detalhou essa sua afirmação, que sem dúvida é polêmica). O ministro foi questionado pelo deputado Júlio Semeghini se a universalização prevista no contrato não deveria ser cumprida sem utilização dos recursos do fundo, e se uma vez não cumprida, não haveria algum tipo de sanção a ser imposta à concessionária. O ministro não respondeu ao questionamento.
Em outras ocasiões, Hélio Costa já havia dito que se a população de renda mais baixa não tem recursos para utilizar o serviço oferecido pela concessionária, na prática, a universalização não ocorreu. Daí a proposta de correção nos rumos da universalização.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!