Alavancar os próximos 4 bilhões de usuários de telecomunicações a partir de países emergentes não deverá ser uma tarefa fácil. O tema, discutido nesta quinta-feira, 9, durante a Supercomm, em Chicago, mostrou não apenas a frágil situação dos países em desenvolvimento como também o desinteresse da indústria por esses mercados. E a chairman e CEO da Telecommunications Regulatory Commission da Jordânia, Muna Nijem, observou que não havia fornecedores entre o público. Ela usou o seu país como exemplo para a tese do desprezo pelos mercados emergentes.
Desapontada, Muna disse a TELETIME News que acreditava que uma sessão como aquela atrairia muitos fabricantes, possivelmente interessados em saber ?o outro lado da história.?
Por que os fabricantes não se interessariam por um mercado que planeja investir US$ 700 milhões nos próximos cinco anos? O mercado é considerado estratégico pela representante da Jordania – apesar de ser pequeno, com apenas 5,2 milhões de habitantes -, por servir de espelho para os vizinhos. O monopólio da telefonia fixa foi privatizado no início deste ano. Não há limites para o número de licenças, por enquanto, e a competição se dá entre 35 operadoras fixas e móveis. Há uma busca agressiva por novas aplicações e serviços, o que leva os reguladores a se preocuparem com preços e fornecedores. O país contava com 638 mil terminais fixos em dezembro último e 1.624 moveis. A teledensidade é, repectivamente, de 11% e de 26%. A meta é atingir 50% nos próximos oito anos, o que abre uma imensa oportunidade para os fornecedores, na opinião de Muna.
Regra do consumidor
A representante da Jordânia disse que os fornecedores estão acostumados a trabalhar para os operadores, que acabaram se tornando seus revendedores. Neste caso, os operadores não influenciam o desenvolvimento desses produtos. ?Mas precisamos saber qual é a necessidade dos consumidores, protegê-los e servi-los?, afirma Muna. "Este é o papel dos políticos e reguladores nos países em desenvolvimento." Se os fornecedores se restringem a captar informações apenas das teles, não obtém um retrato verdadeiro, porque estas, segundo ela, se voltam apenas para o segmento lucrativo do mercado. Os reguladores, ao contrário, estão interessados numa alta teledensidade, portanto, no segmento menos rentável.
