Dantas mostra cartas do Citibank a ministros brasileiros

Em sua documentação de defesa entregue à Justiça de Nova York, o Opportunity dá indícios de que busca pressionar inclusive politicamente o Citibank. O banco de Daniel Dantas revela diversas correspondências de diretores do Citibank para autoridades norte-americanas e brasileiras. No caso das correspondências destinadas a interlocutores no Brasil, o Opportunity entrega à Justiça dos EUA cinco cartas de Mary Lynn Putney, ex-diretora da divisão de equity internacional do Citibank, para ministros e para o presidente do Banco do Brasil. Há uma correspondência ao ex-ministro do Desenvolvimento, Alcides Tápias, de 4 de novembro de 2000. Outra correspondência datada de 27 de julho de 2001 para o ex-ministro do Desenvolvimento Sérgio Amaral. Já nesse governo, Mary Lynn Putney mandou, em nome do Citibank, correspondências para Antônio Palocci (Fazenda) em duas datas: 27 de fevereiro de 2003 e 11 de abril de 2003. Em todas as cartas a ministros a executiva do Citibank reforçava que seus investimentos no Brasil se davam via o fundo CVC Opportunity e que o grupo de Daniel Dantas era o responsável por estes investimentos. Em algumas ocasiões, o Citi pressionava em relação aos conflitos com os fundos de pensão, em outras, fazia rasgados elogios a Daniel Dantas. Em outras (como na carta ao ministro Palocci), faziam referência às ações do governo do Paraná, que estariam implicando riscos aos investimentos do Citi na Sanepar. Há ainda uma carta de 19 de maio de 2003 endereçada ao então presidente do Banco do Brasil, Casso Casseb, que se refere a um encontro entre ele e Dantas para discutir alternativas de venda das participações dos fundos de pensão e, também nessa carta, a executiva do Citi diz que a parceria com o Opportunity é pre-condição para os investimentos do banco norte-americano no Brasil.
Mary Lynn Putney, contudo, foi afastada do Citibank no ano passado, momentos antes do agravamento da crise entre o banco norte-americano e Dantas, mas não se sabe se esse afastamento tem relação direta com as ações do Opportunity que hoje são contestadas pelo Citi na justiça.
A íntegra das cartas da ex-executiva do Citibank às autoridades brasileiras está disponível em www.teletime.com.br/arquivos/cartas.zip

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Montagem da privatização

Curiosamente, o Opportunity divulga uma série de documentos do Citibank de 1996, quando o banco norte-americano ainda preparava a estratégia de investimento no processo de privatização. Os documentos foram entregues à justiça de Nova York por Robert Wilson, ex-executivo do Citi que depois se tornou funcionário do Opportunity. Os documentos mostram a negociação do Citibank junto às autoridades reguladoras norte-americanas (especificamente para o Office of the Comptroller of Currency, uma espécie de agência reguladora dos bancos nos EUA) para transformar seus títulos da dívida externa brasileira em capital que seria, depois, investido em um fundo dedicado exclusivamente ao processo de privatização no Brasil. O Citi planejava trocar US$ 1 bilhão dos títulos podres da dívida em mercado e aplicar os recursos no International Equity Investments, seu braço para investimentos em participações. O documento é colocado pelo Opportunity, aparentemente, para tentar provar que o Citibank sabia desde o começo que ele teria que manter um gestor independente destes recursos, já que essa foi uma das condições colocadas pelas autoridades norte-americanas para que a operação fosse aceita. De fato, no ano seguinte,o Citi criou o CVC Opportunity Equity Partners LP, que veio a participar dos processos de privatização e que era gerido pelo Opportunity.

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