Na estratégia do 5G, a Claro deixa claro que vai apostar não apenas na faixa de 3,5 GHz. A empresa foi a maior vencedora do lote de 2,3 GHz no leilão de 2021, e a ideia é poder avançar também com essa frequência, que tem alcance maior e tem a flexibilidade de poder ser utilizada no 4G.
Um exemplo citado pelo CEO da área de consumo e PME da Claro, Paulo César Teixeira, nesta quinta-feira, 9, durante evento de lançamento do celular Samsung Galaxy S23 na loja da operadora, é o da região da Marginal Pinheiros, em São Paulo, próximo da sede da empresa. Para otimizar o tráfego ao longo de um pedaço da pista, a operadora preferiu empregar a frequência mais baixa. "Pegamos toda a Marginal com demanda de tráfego, e colocamos inicialmente banda para o 4G. E agora, jogamos o tráfego para o 5G."
O executivo elogia o trabalho sendo feito pelo Grupo de Acompanhamento de Interferências da faixa de 3,5 GHz (Gaispi) para a liberação do espectro, mas ressalta as vantagens da faixa mais baixa. "Ela é flexível, podemos usar com o 5G ou 4G", diz, ressaltando que na quinta geração, são alocados todos os 50 MHz de largura da frequência disponível. "Fomos os que mais compraram a banda de 2,3 GHz, colocamos o 5G em municípios onde tem demanda", explica, colocando que há regiões (como bairros) nas quais a demanda é residual.
Capex e demanda
A Claro deverá manter o patamar de Capex anual de R$ 10 bilhões, mas Teixeira pontua que o 5G deverá representar uma fatia maior nesse total. A ativação das novas cidades com a faixa de 3,5 GHz, conforme ela for liberada, é uma das metas. Recentemente, a empresa ativou a rede de quinta geração em 38 novas cidades do grupo de municípios acima de 500 mil habitantes e nos clusters de regiões metropolitanas de capiais.
Com isso, a operadora estima que a demanda pela tecnologia vai crescer neste ano, justificando a alocação de investimento. Segundo Teixeira, nos mercados "maduros", como São Paulo, a proporção do 5G em todo o tráfego de rede móvel é de 15%. "Está em linha com o que a gente esperava. A penetração de aparelhos é em torno de 8%", explica. O crescimento de demanda por acesso tem sido de 30% ao ano, sendo que a tendência de consumo com o 5G é de três vezes mais do que com o 4G, ainda de acordo com o executivo.
FWA
No momento, o acesso fixo-móvel (FWA) continua no radar da Claro. A questão é a espera pelo custo dos terminais, que precisam ser competitivos especialmente em regiões periféricas. Paulo César Teixeira argumenta que a Qualcomm está promovendo em parceria com a Intelbras o chipset de baixo custo, o x35, para esse tipo de aplicação, mas que isso só deverá chegar ao Brasil no final do ano. "Tem muita fibra no País, por isso o FWA seria mais para áreas periféricas, sendo que mesmo nelas há fibra. Por isso tem que ter um preço baixo", coloca. Uma média de R$ 70 ou R$ 80 é o custo por acesso nessas regiões que a empresa entende ser necessário atingir como patamar.
Outra questão do FWA é o espectro utilizado. Teixeira ressalta que a Claro tem feito testes, mas com a faixa de 3,5 GHz, e não com ondas milimétricas em 26 GHz. "Achamos que é muito prematuro no Brasil", coloca.
O real problema do FWA é o temor das carriers em não conseguir prover serviço. O mesmo ocorre no EUA. Bairros com 5G disponível, nas sem FWA.