Um coletivo de quase 200 provedores regionais de todo o País, além de mais de 1,3 mil empresas interessadas, está se reunindo para avaliar a participação no leilão do 5G por meio de consórcio. O intuito é o de viabilizar um estudo técnico que demonstre as condições dos ISPs deverão considerar quando o edital for publicado e todas as regras estiverem sacramentadas.
Batizado de "Iniciativa 5G Brasil", essa união de empresas já está contratando especialistas jurídicos e tecnológicos para o estudo. Por meio dele, os provedores poderão avaliar as premissas econômicas, tomada de decisão e formatação de um modelo econômico-operacional para as frequências desejadas.
De acordo com o CEO da consultoria APP do Brasil e coordenador da iniciativa, Rudinei Carlos Gerhart, essa união não tem a intenção de se sobrepor a nenhuma associação que já atua em prol das prestadoras de pequeno porte. Tampouco há a intenção de cravar a participação no leilão do 5G ou de avaliar quais frequências desejarão.
"De certa forma, tem muitas perguntas sem respostas", declarou Gerhart em entrevista ao TELETIME, citando dúvidas a respeito do edital, que atualmente está sendo analisado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). O grupo trabalha para que haja prazo hábil para a tomada de decisão, inclusive na hipótese de o edital ser publicado já em julho.
As principais questões são justamente a precificação das faixas e os respectivos compromissos, além do roaming nos lotes regionais. "pode inviabilizar a operação. Imagina se o provedor tem a licença 5G, mas não pode oferecer roaming para o usuário. Isso incorre em competitividade, a operadora nacional fica mais competitiva na oferta do que a regional."
Segundo Gerhart, o grupo acredita que a participação no leilão é um caminho natural para essas empresas, uma vez que são, juntas, o maior market share em banda larga fixa no Brasil. Além disso, são também responsáveis por 60% do tráfego das CDNs do Google, ainda de acordo com o executivo. Na apresentação institucional da Iniciativa 5G Brasil, há o destaque para a democratização do acesso à Internet, a natureza pioneira na fibra óptica e mesmo o fato de serem empresas brasileiras, que avançaram sem recursos públicos.
Ganhos
Por isso mesmo, o coletivo está reunindo advogados para analisar o aspecto jurídico, regulatório e societário para que, juntas, as empresas possam ter uma representação para lidar com questões do investimento, como a conversa com os grandes fornecedores Ericsson, Huawei e Nokia, além de instituições de pesquisa, como Inatel e CPQD, ou mesmo a própria Anatel.
O executivo explica que essa iniciativa também pode ajudar na parte burocrática, que ele considera "pesadíssima". "Imagina escriturar 200 empresas – os custos de contabilidade e jurídico. A gente está montando um backoffice bem estruturado", declara.
Esse peso maior do consórcio também poderia ajudar em negociações com parceiros de infraestrutura. Perguntado se os ISPs teriam interesse no modelo de redes móveis neutras, ou de infraestrutura como serviço (IaaS), o coordenador da iniciativa afirmou: "Não estamos fechados para ninguém, estamos falando com diversos atores do mercado".
Como participar
O plano de ação é feito por meio de um grupo no Telegram (que pode ser acessado clicando aqui), que reúne os mais de 1,3 mil empresários do setor interessados, e pelo cadastro ao preencher este formulário (clique aqui). O primeiro grupo de trabalho é o que reune atualmente 194 empresas, que já registra o interesse de formação do consórcio. Para adentrar nesse grupo, basta o pagamento de uma taxa de R$ 10 mil para entrar como "sócio" e financiar o estudo técnico.
Até esta semana, essas empresas então já tinham levantado um orçamento de R$ 1,940 milhão. Rudinei Gerhart afirma esse fundo, caso não seja usado integralmente, poderá ser devolvido ou redirecionado para alguma finalidade de interesse dos provedores. "É muito transparente para todos, logo no convite a gente deixa isso claro."
A estrutura da iniciativa é a de três conselheiros por região (inicialmente eram dois, mas o grande interesse de empresas acabou por levar à ampliação) do País. Na avaliação de Gerhart, a procura dos ISPs demonstra que há bastante demanda pelos lotes regionais.
Está sendo realizado um censo que já indica uma grande propensão para investimentos. O levantamento também contabilizará a infraestrutura de fibra que o consórcio possui atualmente.