Gigantes da mídia discutem futuro

Os CEOs da Viacom, News Corp., Time Warner e Comcast, quatro dos principais grupos de mídia e infra-estrutura dos EUA, debateram durante a NCTA Cable 2007 (evento da indústria de TV a cabo dos EUA, que acontece esta semana em Las Vegas) o que tem representado para suas respectivas empresas a revolução das mídias digitais. "Ainda é muito pouco em termos de receita para nós, comparado com o que as outras indústrias proporcionam, mas é óbvio que é algo de muito potencial", disse Richard Parsos, CEO da Time Warner Inc. "As oportunidades desse novo mundo são muitas, mas os riscos também. Pirataria e preservação dos modelos de negócio viáveis são os principais problemas", disse Peter Chernin, CEO da News Corp. O alvo de todos, implícito e explícito, foi o avanço de novas empresas, com novos modelos de negócios, muitas vezes conflitantes, lembrando também que "o que se ganha com essa nova indústria ainda é uma fração mínima do que se ganha com a TV a cabo".
Parson, da Time Warner, comentou a entrada de grandes grupos de comunicação no mercado de novas mídias. "A gente demora um pouco para aprender a coordenar os movimentos nesse novo ambiente. É como uma criança aprendendo a andar. Mas depois que isso acontece, temos potencial de levar as inovações a um outro patamar". Também falando em defesa dos grandes grupos de comunicação, Chernin foi categórico: "As empresas de conteúdo e aplicações para novas mídias continuarão surgindo, mas continuarão havendo consolidações e os grandes vão ficar ainda maiores", ponderou o CEO da News Corp. Vale lembrar que de tempos em tempos uma destas pequenas empresas de conteúdos e aplicações torna-se bem grande também. Foi o caso do Google.
"Há 10 anos, não existia Google, YouTube, Yahoo!, a Amazon não tinha aberto em bolsa. O fato é que nós estávamos aqui há 10 anos e demos as ferramentas para que todas estas empresas se desenvolvessem", disse Brian Roberts, CEO da Comcast.

Notícias relacionadas
Em relação aos conflitos com o Google, o CEO da Viacom, Phillipe Dauman, diz que tecnologias como o Joost, por exemplo, abrem oportunidade para que distribuidores de conteúdos levem suas tecnologias para onde nunca houve espaço para distribuição.

Concentração no mercado de cabo

Outra discussão entre os CEOs é se o mercado de TV a cabo continuará se concentrando ou não, pelo menos nos EUA. Para Brian Roberts, da Comcast, esse é um mercado em que um pequeno ou médio operador tem condições de fazer a mesma coisa que um grande operador faz, com custos parecidos. Mas para Parson, da Time Warner, a competição com empresas do porte das empresas de telecomunicações requer escala, maior do que a atual, indicando que o movimento de consolidação no cabo dos EUA deve continuar.

Mobilidade

Os operadores de TV a cabo dos EUA não parecem muito preocupados com o mercado de telefonia celular. "Não acho que seja um campo em que tenhamos que nos defender, mas sim buscar oportunidade de fazer algo diferente. Acho que as oportunidades estão além do aparelho de celular. Estamos falando em mobilidade em um sentido mais amplo, e por isso as operadoras de cabo estão tão interessadas em espectro, porque queremos brincar com essas possibilidades", disse Roberts. Peter Chernin lembra que existem hoje 1 bilhão de usuários de Internet no mundo, 1 bilhão de domicílios com TV e 2,5 bilhões de terminais móveis. "É muita coisa, mas mesmo assim acho que o celular é, pelo menos nos EUA, o que o cabo era na década de 70, ou seja, um território em que ninguém sabe ainda muito o que fazer, mas que vai ser gigantesco".

Viacom vs. Google

Com a Viacom no debate, o assunto da ação bilionária contra o YouTube não poderia deixar de aparecer. "Tivemos algumas discussões sobre conteúdo com o Google e com o Youtube. O Google é uma empresa grande, e tentamos por muito tempo um negócio, mas como vimos o nosso conteúdo sendo roubado e prejudicando nossos clientes, tivemos que fazer alguma coisa. O que aconteceu foi positivo porque trouxe a discussão para a mesa. Infelizmente, pirataria é parte do business de conteúdo e podemos lidar com isso até um certo ponto. Mas uma hora precisamos agir".
Já a Time Warner não sinaliza que irá tão longe. "Acho que em poucas semanas as coisas vão ficar melhores. O que o Google faz é algo que vem da tecnologia. Temos que encontrar uma forma de fazer a paz e legitimar os proprietários dos direitos. Estamos um ou dois passos atrás da Viacom e estou certo de que chegaremos a um acerto sem uma guerra".

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!