TIM traz de volta o blah, agora como app de mensagens, VoIP e vídeo-chamadas

A TIM lança esta semana o blah, seu aplicativo de comunicação over the top (OTT). O app, disponível para Android e iOS, traz de volta o nome de um antigo sucesso da operadora no segmento de SMS e comunidades (leia histórico abaixo). O blah funciona como um serviço de mensagens instantâneas, mas também pode ser usado para vídeo-chamadas e para ligações de VoIP, assim como para transferência de arquivos. Ou seja, é um concorrente para aplicativos como WhatsApp, WeChat, Viber, BBM, iMessage/Facetime, e Skype, mas criado e mantido por uma operadora móvel. O download é gratuito e não há nenhuma cobrança extra para uso do serviço, a não ser o custo do tráfego de dados, de acordo com o plano da operadora do cliente. O noticiário MOBILE TIME traz mais ddetalhes sobre o lançamento nesta matéria.

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Blah foi testado ao longo dos últimos dois meses por 24 mil usuários do TIMbeta, um plano pré-pago da TIM voltado para o público jovem. A iniciativa chegou a ser noticiada à época por MOBILE TIME, ainda sem a revelação dos detalhes ou do nome do projeto.

Um ponto interessante é que o blah não se restringe aos assinantes da TIM. Pelo contrário: o app pode ser baixado por qualquer pessoa, de qualquer operadora, na Google Play e na App Store. O app mescla os contatos da agenda telefônica com aqueles do Facebook e marca com cores diferentes aqueles que têm TIM, os que têm blah e os que são de outras operadoras. O aplicativo também pode gerenciar as mensagens de texto (SMS) do usuário e servir como um discador para ligações telefônicas.

Histórico

No começo da década passada, as operadoras TIM Sul, TIM Nordeste e Maxitel, que mais tarde se consolidariam em torno da marca única TIM, lançaram conjuntamente um dos serviços de maior sucesso da história do mercado brasileiro de conteúdo móvel: o blah! (sim, na época a marca levava o acento de exclamação). Era um serviço de bate-papo por SMS sobre redes 2G – ainda não havia o 3G para viabilizar os atuais serviços de mensagens instantâneas over the top e muito menos os smartphones com suas lojas de aplicativos.

Sob a gestão do executivo Federico Pisani, que mais tarde criaria a Hanzo, blah! teve uma estratégia ousada para a época: ao contrário de outros serviços de valor adicionado (SVA) que serviam como instrumento de fidelização para suas operadoras correspondentes, blah! almejava ser um serviço multiperadora. Houve, contudo, certa resistência dos rivais em adotá-lo: naquele tempo era necessário convencer as teles, pois dependia-se da conexão às suas plataformas de SMS. Era a época do chamado "walled garden", ou "jardim cercado", um ambiente em que cada operadora controlava inteiramente o que seus assinantes podiam acessar. Apesar das dificuldades, blah! conseguiu alguns contratos importantes na América Latina fora da TIM, como a BCP em São Paulo (que depois integraria o grupo Claro). E expandiu-se para o exterior, sendo lançada nos EUA pela Verizon Wireless e nas Filipinas pela Smart. Chegou a ultrapassar em 2004 a marca de 4 milhões de usuários, número extremamente relevante naquele tempo para um serviço de valor adicionado considerando o tamanho da então base brasileira de telefonia celular, que girava em torno de 65 milhões de linhas em serviço.

Na tentativa de atrair outras operadoras brasileiras, a TIM vendeu a sua participação no blah! para a Telecom Itália. Mas depois o projeto acabou sendo descontinuado. Agora sem o ponto de exclamação a marca ressurge para uma nova fase, com nova tecnologia, mas objetivos parecidos: construir uma comunidade multioperadora. Dessa vez, há um facilitador para o plano: não é necessário negociar com nenhuma rival.

Análise

A iniciativa da TIM é ousada em vários aspectos, a começar por ser uma operadora se posicionando como player OTT (over the top) e também por disponibilizar tal serviço para qualquer usuário, independentemente da tele que lhe presta serviço.

Para a TIM, há dois benefícios estratégicos. O primeiro é a coleta de informações sobre seus clientes e sobre os clientes dos concorrentes. Para usar o serviço é preciso confirmar o número telefônico e um endereço de email. Além disso, há a opção de integração com o Facebook. Conhecer o perfil dos seus usuários e dos assinantes dos concorrentes é, sem dúvida, uma informação valiosa para qualquer operadora.

O segundo benefício está em estimular a migração para a TIM, especialmente de usuários pré-pagos. O app classifica os contatos do usuário entre aqueles que têm TIM (círculo azul claro em volta da foto), os que têm TIM e blah (círculo azul escuro), o que têm apenas o blah mas são de outra operadora (círculo cinza) e os que não são nem TIM e nem têm blah (círculo branco). As outras teles não são identificadas individualmente, mas agrupadas todas juntas. Como tarifas para SMS e chamadas de voz são mais baratas entre usuários da mesma operadora, blah pode estimular a troca para a TIM entre pessoas que notarem que têm muitos amigos na tele. Há também uma opção simples para convidar contatos que não têm o blah a baixarem o app, enviando uma mensagem de texto com o convite.

2 COMENTÁRIOS

  1. Eu fiz parte dessa história, conheci uma mulher em outro país em 2003 pelo blah! e fui até lá onde fiquei três meses. Realmente mudou minha vida o blah!

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