Apesar de avanço na conectividade global com a expansão da banda larga, a desigualdade entre países ricos e os menos desenvolvidos continua presente ao longo de uma década. Os dados da União Internacional de Telecomunicações (UIT) foram divulgados no domingo, 5, no estudo "Facts and Figures", e contemplam 46 países – 33 na África, 12 na Ásia/Pacífico e apenas um nas Américas (Haiti). E enquanto o celular continua sendo o meio principal, a penetração da Internet fixa continua abaixo dos 2%.
Cerca de 407 milhões de pessoas nos países menos desenvolvidos utilizavam a Internet em 2022. Outros 720 milhões de habitantes ainda offline, ou 27% de todos os desconectados no mundo – isso apesar de esse grupo de nações só representar 14% da população global. A cobertura de rede 3G ou superior atinge 83% nesses países, contra 95% da média no mundo.
Considerando a banda larga móvel, o crescimento médio anual nesses países menos desenvolvidos foi de 37%, saindo de quase nada (1,3% em 2011) para 42% em 2022. Mas há diferenças mesmo nesse grupo: na África, a penetração é de menos de 30%, enquanto países mais pobres da Ásia/Pacífico detêm 65%. Há contudo o desafio do preço: apenas dois países chegaram à meta de oferecer a conexão móvel por menos de 2% do PIB per capita. Outros 16 têm acima de 5%, enquanto há casos de até 24%.
O problema mais grave é na banda larga fixa, que continua sendo incipiente: 1,6% em 2022. "As redes de banda larga fixa não estão disponíveis em várias partes dos países menos desenvolvidos, especialmente em áreas rurais, e onde estão disponíveis, em geral são proibitivamente caras", descreve o estudo. Ainda assim, a UIT coloca que o preço médio da banda larga fixa chegou a 17% do PIB per capita.
Se a infraestrutura ainda é deficiente, o projeto de oferecer conectividade significativa é algo que a UIT afirma "continuar um prospecto distante" para essas regiões mais pobres. "Mesmo muitos dos que podem acessar não o fazem por causa das barreiras como informação, habilidades e custos."
Gênero
Considerando o recorte de pessoas que usam a Internet, a parcela dessas nações mais pobres aumentou no período, saindo de 27% para 30%. Mas houve uma desaceleração no crescimento de uso de Intrnet nesse grupo, ficando entre 13 a 17% no período de 2019 a 2022, contra taxas de 23 a 39% entre 2011 e 2018. Mesmo durante a pandemia, afirma a UIT, não houve o mesmo ritmo do observado em países desenvolvidos, os quais viram crescimento de até o dobro entre 2020 e 2021.
Ainda dentro desse cenário, o crescimento no uso da Internet não mudou a disparidade de gênero. Em 2022, 43% dos homens nesses países estavam conectados, contra 28% em 2019. São 13 pontos percentuais a mais do que mulheres – ou seja, apesar de atualmente haver 30% de usuárias, a disparidade continuou a mesma em relação a 2019, quando a base era de 17%.
O estudo completo pode ser baixado clicando aqui.