A estratégia de novo modelo operacional (Shift Plan) iniciada no ano passado pelo CEO da Alcatel-Lucent (ALU), Michel Combes, começa a colher os frutos após sacrificar negócios e até funcionários durante o último ano. Já no trimestre anterior, a companhia francesa mostrava sinais de recuperação ao diminuir o prejuízo de 885 milhões de euros registrados entre abril e junho para 200 milhões de euros. Agora, após seis trimestres seguidos registrando prejuízo, a empresa conseguiu enfim reverter o quadro nos últimos três meses de 2013, alcançando 134 milhões de euros de lucro líquido.
O desempenho não foi suficiente para registrar lucro para o ano inteiro, mas já mostra uma clara recuperação em relação a 2012. No consolidado de 2013, a ALU registrou 1,304 bilhão de euros de prejuízo líquido, 707 milhões de euros a menos do que o prejuízo reportado em 2012. Ainda assim, a empresa justifica que houve impacto de 548 milhões de euros com multas com danos a ativos durante o segundo trimestre do ano passado.
Ajudou o fato que a empresa conseguiu em dezembro passado aumentar o capital em 1 bilhão de euros por meio da emissão de ações ordinárias, pela mudança do perfil da dívida conseguida durante o segundo semestre e pela rolagem de vencimentos de dívidas de curto e médio prazo. Somente no quarto trimestre, a ALU conseguiu economia de 104 milhões de euros, totalizando 363 milhões de euros durante o ano. Como outra forma de apertar os cintos, o conselho de administração da ALU recomenda o não pagamento de dividendos para o ano fiscal de 2013.
Menos receitas
A empresa diminuiu 0,1% as receitas no trimestre, registrando 3,930 bilhões de euros. Para o consolidado do ano, as receitas aumentaram 2,9%, totalizando 14,436 bilhões de euros. Na divisão por região, a Europa, com 1,101 bilhão de euros, e o "resto do mundo" (que inclui a América Latina), com 528 milhões de euros, mostraram queda nas receitas de 0,1% e 16,5%, respectivamente, no trimestre. Somando 1,963 milhão de euros em 2013, o "resto do mundo" obteve queda de 11,8% nas receitas em comparação com o ano anterior.
A área de acessos (que inclui móveis, fixos, serviços gerenciados e licenciamento) foi a mais rentável com 1,983 bilhão em receitas no trimestre, crescimento de 4,2%. Na soma dos 12 meses, a divisão registrou alta de 5,1%, totalizando 7,447 bilhões de euros. O negócio de core de rede gerou 1,716 bilhão de euros no último trimestre de 2013, queda de 3,6%. No ano, somou 6,094 bilhões de euros, avanço de 1,9%. Outros negócios (que incluem as divisões LGS e Alcatel-Lucent Enterprise, ambas colocadas à venda) registraram recuo de 8,5%, fechando o trimestre em 232 milhões de euros em receita. Nos 12 meses, a área caiu menos: 3,5%, total de 913 milhões de euros.
O lucro operacional aumentou 348,44% e fechou o trimestre em 287 milhões de euros. No ano inteiro, o lucro operacional foi de 204 milhões de euros, contra prejuízo operacional de 493 milhões de euros em 2012.
Otimismo
Para o ano de 2014, a empresa pretende continuar focando na redução de custos, geração de caixa e de crescimento lucrativo. A ALU confirmou ainda as metas para 2015, como alcançar 7 bilhões de euros em receitas na divisão de core de rede com uma margem operacional superando 12,5%. Outras medidas são a geração de fluxo de caixa operacional em acesso e outros segmentos ultrapassando os 250 milhões de euros; economia de 1 bilhão de euros em custos fixos até o final de 2015; e o levantamento de pelo menos mais 1 bilhão de euros ao se desfazer de ativos no acumulado do período entre 2013 e 2015.
"Demonstramos hoje que estamos bem na direção de alcançar os objetivos do Shift Plan. Conseguimos reposicionar nossa companhia como especialista em redes IP e cloud, assim como em acesso de ultra banda larga, e estamos vendo forte demanda nesses segmentos", declarou o CEO da Alcatel-Lucent, Michel Combes, na avaliação do ano. O mercado parece estar reagindo bem: as ações da ALU registravam alta de 7,23% na Bolsa de Nova York e de 9,58% na Euronext de Paris até as 14h desta quinta-feira.
