Setor não se entende sobre destinação do 3,5 GHz

Nem bem 2009 começou e a Anatel já está sendo confrontada com o que deve ser um de seus principais alvos no novo ano: a readequação do espectro de radiofrequência para atender à crescente demanda dos serviços móveis. O primeiro sinal de que esta não será uma tarefa fácil está nas 226 contribuições feitas pelas mais diversas empresas na consulta pública nº 54/2008, onde a agência propõe a destinação, em caráter primário, da faixa de 3,5 GHz para o Serviço Móvel Pessoal (SMP).
Várias entidades apresentaram sua contribuição mais de uma vez, mas ainda assim o quantitativo de comentários é expressivo, ainda mais considerando tratar-se de um texto de cunho técnico.
Tantas intervenções têm relação com a disputa entre os diversos segmentos de mercado pelo espaço de 3,5 GHz, adequado para novas tecnologias de banda larga e móveis, como o WiMAX. Mas os comentários revelam também um desconforto geral com alguns conceitos e a falta de objetividade da proposta apresentada em itens cruciais para a adaptação.

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O ponto de maior polêmica continua sendo o nível de mobilidade dos serviços prestados nesta faixa e quem poderá explorar essa mobilidade. Os prestadores de SCM, encabeçados pela Abramulti, querem que não haja qualquer restrição à participação das empresas nos leilões das frequências de 3,5 GHz, permitindo assim que todos os prestadores de telecomunicações entrem na disputa pelas faixas.
Este pedido, no entanto, não está restrito às SCMs. Concessionárias como a CTBC e fornecedores de tecnologias como a Qualcomm fizeram comentários na mesma direção, embora mais sutis. A Qualcomm inclusive criticou a destinação em caráter primário para o SMP, ação que considerou "prematura", visto que não existiria uma indicação clara da indústria para a fabricação de equipamentos diretamente relacionados com a telefonia móvel nesta faixa.
Mobilidade restrita
Tema de inúmeras controvérsias ao longo dos últimos dois anos, a mobilidade restrita voltou a ser tema na consulta do 3,5 GHz. Tudo porque a Anatel incluiu um artigo na proposta eliminando a previsão regulatória da nomadicidade (nome técnico para a mobilidade restrita). O entendimento geral é de que a retirada da previsão da mobilidade restrita significaria a autorização para todas as prestadoras de telecomunicações pudessem oferecer serviços com mobilidade plena. Esse entendimento está explícito em pelo menos uma contribuição, da Telcomp.
No entanto, a grande maioria das empresas é contra a eliminação do conceito de mobilidade restrita da regulamentação. Mas, ao contrário do que se possa pensar à primeira vista, o posicionamento não é uma defesa de que as empresas que não são operadoras do SMP tenham uma atuação limitada na oferta de serviços móveis.
A maior parte das críticas à retirada da nomadicidade está no fato de que a Anatel não foi clara se a barreira à mobilidade está de fato sendo removida ou se existirão outras limitações. O entendimento de boa parte das concessionárias e dos fabricantes de equipamentos é que, da forma como está o texto, a exclusão da mobilidade restrita resultaria na eliminação de um "direito adquirido".
Como já era de se esperar, as operadoras móveis também são contra o fim da mobilidade restrita. Mas neste caso porque temem uma "concorrência predatória" por parte das demais empresas, como declarou a Claro. A Vivo também protestou sobre este item e alertou a Anatel sobre os problemas de se controlar a oferta restrita de serviços móveis, rememorando o "Caso Vésper" – autorizada do STFC que oferecia telefonia fixa por WLL com mobilidade plena apesar de existirem regras proibindo esse tipo de produto.

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