A AT&T anunciou a fornecedora Ericsson como parceira para implantação em grande escala de redes de acesso de rádio abertas (Open RAN) nos Estados Unidos. Com o acordo, os gastos da operadora podem chegar aos US$ 14 bilhões ao longo do contrato de cinco anos.
A decisão divulgada na última segunda-feira, 4, gerou reação por parte de uma aliada de longa data da AT&T. O presidente e CEO da Nokia, Pekka Lundmark, classificou como "decepcionante" a notícia.
A AT&T espera ter sites de Open RAN totalmente integrados operando em coordenação com a Ericsson e Fujitsu, logo a partir de 2024. Segundo a operadora, essa transição de interfaces fechadas e proprietárias permitirá a escalabilidade rápida e o gerenciamento de hardware de fornecedores diversos em cada site de célula.
A partir de 2025, a empresa estima expansão do ambiente de Open RAN por toda a sua rede sem fio em coordenação com múltiplos fornecedores – incluindo ainda a Corning, Dell Technologies e Intel.
"A AT&T está liderando na origem de plataformas abertas em nossa rede sem fio", disse Chris Sambar, vice-presidente executivo de rede da operadora dos EUA.
"Com essa colaboração para Open RAN, vamos impulsionar a inovação, estimular a competição e conectar mais americanos ao 5G e fibra. Estamos satisfeitos que a Ericsson compartilhe nosso apoio ao Open RAN e às possibilidades que isso cria para a infraestrutura digital nos EUA", completou o VP da AT&T.
Reação da Nokia
A Nokia não escondeu o descontentamento com a escolha da AT&T pela Ericsson para o projeto bilionário. Em comunicado à imprensa, a fornecedora finlandesa afirmou que as receitas devem ser impactadas após o revés. A gigante norte-americana responde por 5 a 8% da receita líquida da Nokia com redes móveis em 2023.
Como reflexo, ações da Nokia negociadas em Helsinque recuaram 5,94% ao longo desta terça-feira. Por outro lado, papéis da Ericsson em Estocolmo (Suécia) avançaram 6%.
A expectativa da Nokia é que as medidas de redução de custos já anunciadas pela companhia possam mitigar parcialmente o efeito da decisão da AT&T. A Nokia entende que o segmento de redes móveis deve seguir lucrativo, mas com atraso de até dois anos para o alcance da meta de margem operacional de dois dígitos.
"Embora as notícias da AT&T [sobre o acordo com Ericsson] sejam decepcionantes, nosso negócio de redes móveis avançou significativamente nos últimos anos, aumentando nossa participação de mercado em RAN e liderança tecnológica. Acredito firmemente que temos a estratégia certa para criar valor para nossos acionistas no futuro, com oportunidades para ganhar participação, diversificar nossos negócios e melhorar nossa rentabilidade", disse Pekka Lundmark, CEO e presidente da Nokia.
Em outubro, a Nokia anunciou a demissão de até 14 mil funcionários; já os resultados do balanço financeiro da finlandesa revelaram redução de 15% na receita orgânica do grupo. O cenário global de incertezas macroeconômicas foi observado como um dos responsáveis pela queda no faturamento – apesar de projeção de recuperação no médio e longo prazo.
Em aceno a acionistas, o presidente e CEO da Nokia também garantiu que, apesar dos cortes de custos já anunciados, a empresa continuará investindo em pesquisa e desenvolvimento (P&D) de produtos para seus clientes. "A Nokia continua sendo um dos poucos fornecedores globais de equipamentos de rede móvel com escala significativa e capacidade de investimento em P&D para oferecer produtos líderes de mercado", informou o grupo, em nota.
Mesmo com a reação de descontentamento, a Nokia informou que continua sendo "parceira chave para os negócios da AT&T em infraestrutura de rede, cloud e serviços de Rede".