Para TIM, compartilhamento de espectro pode ser caminho melhor a novos entrantes

Mário Girasole, VP de assuntos regulatórios e institucionais da TIM

Para a TIM, a possibilidade de o leilão de 5G trazer espaço para novos operadores é uma inovação importante, mas a abordagem da Anatel deveria ser diferente da que está sendo discutida até aqui. Para Mário Girasole, VP de assuntos regulatórios e institucionais da operadora, as pequenas prestadores fizeram um "trabalho extraordinário" na banda larga, mas isso não significa que chegarão ao mesmo resultado no mercado de 5G. "Tem que separar um pouco a ideia de titularidade do espectro da ocupação da banda. Quanto de espectro uma prestadora de pequeno porte precisa? É melhor ser dono ou ter a possibilidade de usar esse espectro? Precisamos ficar atentos que o leilão não sirva para criar um ativo financeiro que depois vai ser usado no mercado secundário", disse. A preocupação da operadora é que, em busca de fomentar a competição, a Anatel acabe criando um mercado especulativo com espectro. "Se é para ser um ativo financeiro, é melhor que permaneça um bem público", diz Girasole.

"Oespectro precisa ser explorado como um ativo industrial, e isso seria bem

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endereçado se esses 60 MHz que vão ser leiloados para as PPPs fossem exploradospor meio de uma oferta pública, no atacado, com prioridade", diz Girasole. Paraele, poucas empresas teriam condições de implantar essa infraestrutura, mas éjusto que o acesso a esta rede seja assegurado a novos entrantes, podendo serutilizados pelas grandes operadoras quando não houver demanda. "O player estabelecido, compra o espectroe faz uma oferta pública".

Para Girasole, essemodelo de uso comum do espectro vai além do leilão de 5G e deveria estar emqualquer infraestrutura decorrente de recursos públicos. "As novas renovações deespectro, por exemplo, podem vir com obrigações. Para nós a obrigação chave éque seja investimento compartilhado em tudo o que use recursos públicos. Jápropusemos isso no nosso TAC, mas o mesmo deve valer para os investimentos quevierem dos bens reversíveis, das renovações de licença, dos TACs, dasobrigações de fazer etc".

Pressa

Em relação ao timing dalicitação de 5G, Girasole reitera que a TIM é a operadora "que mais quer quesaia logo o leilão". Entretanto, segundo o executivo, "é difícil saber o quevai acontecer, porque existem muitas variáveis no leilão: a questão dainterferência na banda C, a entrada de novos players, o tamanho das faixas, omodelo de leilão… Mas o quanto antes decidir as questões, melhor". Para a TIM, o5G colocará as operadoras de telecomunicações diante de novos modelos denegócio e uma nova realidade de prestação de serviço, e é preciso que estes modeloscomecem a ser desenvolvidos rapidamente. "O 5G tem um novo ecossistema denegócios. Quarto antes começa, antes a gente aprende".

Interferências políticas

Sobre a possibilidadede o governo determinar os fornecedores e as condições tecnológicas das redes,o que poderia acontecer com um eventual veto a fornecedores chineses, porexemplo, Girasole diz que não acha que uma situação como esta "seja útil nempossível".

Para ele, qualquermedida neste sentido "não só interfere nas escolhas de mercado como abrebrechas para a intervenção do governo na economia, e ai começamos a retroceder".Para Girasole, isso não significaque os operadores de telecomunicações não estão preocupados com a questão dasegurança das redes. "Isso é de suma relevância. Isso está acontecendo naEuropa, mas ninguém disse sim ou não a algum fornecedor. Nós somos os maioresinteressados na segurança, mas somos nós que temos que fazer essa avaliação apartir de requisitos de controle. Dizer sim ou não a um país não parecerazoável. Qual a vantagem de tirar o principal fornecedor? Teríamos que tiraressa tecnologia totalmente das redes, inclusive das redes de 4G e 3G? Não achoque seja nem útil, nem possível".

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