A rede de cobre da Oi é uma mina de cobre escondida embaixo da terra e pendurada nos postes. Trata-se de uma infraestrutura de 371 mil km de cabos, totalizando 380 mil toneladas de metal. Os dados constam do levantamento feito pelo "Laudo de Avaliação para a Proposta de Cessão Onerosa da Sucata" elaborado como parte das negociações entre a empresa, a V.tal e a RK Partners determinada pelo Juízo da Recuperação Judicial. O laudo, a que este noticiário teve acesso, foi encomendado pela Oi à empresa Acce Consultoria e Engenharia, e traz detalhes importantes da dimensão desse ativo.
Segundo o levantamento, dos 371 mil km de cabos de cobre, 98 mil km são cabos de alta capacidade subterrâneos. São cabos com até 2400 pares (cada par corresponde a uma linha de telefone fixo). Outros 273 mil km são cabos de baixa capacidade (10 a 400 pares), em geral pendurados nos postes, e que compõem a rede aérea da operadora.
Segundo os dados fornecidos no Laudo de Avaliação, os cabos de alta capacidade contém, em média, 2,8 kg de cobre por metro, contra 0,4 kg de metal por metro na fiação de baixa capacidade. Apesar de menos extensa, a rede subterrânea tem mais metal aproveitável (cerca de 274 mil toneladas) do que a rede aérea (109 mil toneladas), segundo o Laudo de Avaliação.
Ainda segundo o laudo, a Oi estima perda de 10% a 15% da rede por furtos, o que significa algo entre 37 mil e 55 mil km de cabos perdidos, o que pode significar mais de 56 mil toneladas de metal.
Dificuldades
Mas apesar do potencial econômico da sucata, há muitas dificuldades para aproveitar esse material para reciclagem. Primeiro, é preciso desativar a rede, o que significa passar os clientes de telefonia fixa e xDSL (banda larga em cima de redes de cobre) para outras tecnologias, o que tem um custo de migração. Outra dificuldade é a remoção dos cabos em si, seja dos postes, seja das galerias subterrâneas; e depois, há a necessidade de armazenar o material retirado. Por fim, há o processo de limpeza e processamento dos cabos para eliminar seu revestimento, isolamento e outros componentes e extrair apenas o metal reciclável. Além disso, uma vez processado o metal para reciclagem, ele precisa ser colocado à venda de maneira racionada, para não impactar justamente na cotação do cobre por um excesso de oferta.
Segundo os dados apontados no documento a que este noticiário teve acesso, a Oi já retirou e vendeu cerca de 10 mil km de rede e planeja fazer o mesmo com outros 67,7 mil km até 2025. Com base nessas negociações realizadas, a auditoria apontou uma grande variação de preços obtidos, sendo a melhor negociação já feita na casa dos R$ 19,1 por kg, e a pior na casa dos R$ 14 por kg.
Além disso, o custo para remoção varia de R$ 5 a R$ 10 por kg, o que significa que o valor da rede de cobre estaria entre entre R$ 1,6 bilhão e R$ 2,3 bilhões. Mas como a retirada e rentabilização desse ativo acontece ao longo do tempo, a consultoria de avaliação estimou um VPL para o ativo entre R$ 423 milhões e R$ 1,221 bilhão. Considerando-se, vale lembrar, os valores reais de negociação do cobre que a Oi já conseguiu praticar no mercado.
O tamanho e o valor da chamada "sucata" da Oi mostra que esse é sim um ativo importante, ainda mais considerando o intenso processo de perda de base de telefonia fixa e o processo, já iniciado, de substituição tecnológica, com o STFC tradicional sendo substituído por tecnologias IP sobre fibra (onde a rede está disponível) e WLL (em cima da rede móvel contratada pela Oi junto à TIM).