Ao BNDES, MCTIC pede política de crédito para pequenas de telecom e radiodifusão

Em evento online realizado nesta sexta-feira, 5, com representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), as secretarias de telecomunicações e radiodifusão do MCTIC solicitaram uma política de crédito para as pequenas e médias empresas dos dois segmentos, sobretudo durante a pandemia do novo coronavírus (covid-19). Segundo o banco, novidades relacionadas ao Fundo Garantidor de Investimentos (FGI) devem ser anunciadas na próxima semana, conforme antecipou este noticiário.

Durante o evento, o secretário de telecomunicações do MCTIC, Vitor Menezes voltou a defender uma "política de financiamento consistente e adequada" para o segmento das pequenas provedoras de Internet (ISPs). "Hoje, a maioria dessas empresas investe o lucro, normalmente até 100% dele, porque tem dificuldade de acessar capital de terceiros. Essa é uma barreira que precisa ser superada", afirmou.

Ecoando pleito antigo dos ISPs, Menezes destacou "problemas dos mais diversos" que afetam a captação pelo segmento, como a falta de apetite de instituições financeiras que operam linhas de crédito do BNDES e a dificuldade para que as redes de telecom possam ser colocadas como garantia dos empréstimos.

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Já o novo secretário de radiodifusão do MCTIC, Wilson Diniz, observou que o segmento em questão reúne mais de 2,3 mil microempresas e 1,2 mil pequenas empresas (além de 231 players de médio e grande porte). A cadeia estaria realizando grandes investimentos em tecnologia, evidenciados pela chegada do sinal digital de TV em mais de 10 milhões de domicílios entre 2016 e 2018, por exemplo.

"[Com a crise do coronavírus], houve impacto da variação cambial no custo de equipamentos, aumento no custo de mão de obra e diminuição das receitas. Em pequenas e médias, foi ainda mais grave", avaliou Diniz, destacando a necessidade da discussão de novas formas de financiamento para a cadeia.

Ministro do MCTIC, Marcos Pontes destacou especialmente a situação das PMEs de rádio e TV, que não teriam tanta influência, em sua visão, quanto a cadeia de telecom. "Vai ser muito bom para empresas de pequeno e médio porte, então conversamos nas últimas semanas com o BNDES e colocamos as necessidades do setor da radiodifusão". Segundo Pontes, é necessário que PMEs "tenham uma passagem saúdável" pelo momento de crise.

BNDES

Chefe do Departamento de Clientes e Relacionamento Institucional do BNDES, Tiago Peroba afirmou que o governo está ciente do problema representado pela "aversão de risco" que agentes financeiros das linhas de crédito do banco possuem em certas situações.

Nesse sentido, o representante destacou a publicação, no último dia 2, da medida provisória (MP) 975, que institui o Programa Emergencial de Acesso a Crédito e libera recursos para "turbinar o Fundo Garantidor para Investimentos (FGI) em uma atuação mais forte nesse momento de crise".

Segundo o chefe de departamento, novidades sobre o programa (que faz parte das medidas emergenciais adotadas pelo banco de fomento durante a pandemia) devem ser detalhadas na próxima semana pelo presidente do BNDES, Gustavo Montezano, também em evento online a ser realizado pelo banco. Como informou TELETIME, empresas de telecom devem ser incluídas no programa.

Peroba ainda pontuou que PMEs foram beneficiárias em 98% das operações do BNDES em 2019, recebendo 48% dos desembolsos. A rede de agentes credenciados do banco para operações indiretas soma 59 instituições, além de três fintechs recém-incluídas; por questões jurídicas, empresas de radiodifusão só podem acessar recursos no modelo indireto, ficando vedado o acesso direto ao financiamento.

Dificuldades

Questionado sobre a dificuldade que muitas empresas, inclusive de telecom, têm para acessar os recursos, Peroba afirmou que o BNDES tem disponibilizado informações em seu site sobre quais agentes financeiros estão efetivamente operando determinadas opções do portfólio. Segundo ele, uma consulta cuidadosa pode evitar que pequenas e médias lidem com negativas na concessão do crédito.

Falando especificamente da cadeia de radiodifusão, Peroba pontuou que R$ 9,8 milhões em financiamentos foram concedidos ao setor em 2020, sendo R$ 9 milhões para PMEs. Em 2019, o montante total emprestado foi R$ 6,5 milhões e em 2018, R$ 21,7 milhões.

Por outro lado, o chefe de departamento do BNDES também reconheceu que a crise é um fator dificultador no contexto atual. "Temos um volume muito maior de empresas buscando crédito e, do outro lado, uma rede de agentes com uma aversão de risco maior".

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