As estimativas dos analistas do mercado de ações para 2005 são francamente favoráveis ao setor de telecomunicações em função, principalmente, das expectativas de crescimento da renda. Os prognósticos da Fator Corretora, por exemplo, são sobretudo otimistas em relação à telefonia fixa, que apesar da estagnação da base de assinantes, deverá melhorar suas receitas em banda larga e serviços de valor agregado até agora só disponíveis em telefonia móvel (como mensagens de texto e ringtones, por exemplo). Confira as principais apostas da Fator feitas no relatório Perspectivas e Estratégia 2005, assinado pelas analistas Jacqueline Lison e Catarina Papa:
Telefonia Fixa
* Marco regulatório: A Fator aposta em redução do risco, tanto pelo fim da polêmica em torno do reajuste de tarifas, quando pela boa aceitação do projeto de lei das agências reguladoras enviado ao Congresso. O importante é que a Anatel não apenas continua elaborando e fiscalizando os editais de licitação, como se responsabiliza pela outorga do espectro de radiofreqüência.
* VoIP ainda distante: Segundo a corretora, a Anatel, que considera o VoIP uma tecnologia e não um serviço de telecom, deve primeiro deixar acontecer para depois regulamentar este mercado. Mesmo porque apenas 4% dos usuários de telefonia fixa têm ADSL, indispensável para a operação. O processo deverá começar muito lentamente. E, quando se instalar de forma mais efetiva, a Telesp, a Telemar e a Brasil Telecom deverão ser as donas do jogo dadas em função do peso financeiro das empresas.
* Reação à telefonia móvel: Não é ainda preocupante, diz a Fator, o avanço dos celulares sobre os domínios da telefonia fixo, ainda que o fenômeno seja visível (11% dos domicílios brasileiros têm celular em lugar do fixo). De um lado, o preço das ligações dos telefones convencionais é bastante inferior; de outro, com ausência de concorrentes e garantia da cobrança de assinatura básica, a receita mensal média por assinante das fixas (R$ 80,00) é significativamente maior que a das móveis (R$ 30,00).
* Serviços de valor agregado: Para a Fator, as fixas ainda vão para a luta para oferecer alguns dos atrativos dos celulares, como aparelhos mais modernos, coloridos, com teclado para redação de mensagens de texto. A expectativa de crescimento desses serviços, em 2005, é de 30% a 50%.
Telefonia móvel
* Crescimento: Pelas apostas da Fator, depois do ?espetáculo do crescimento? de 2004 (42,4%, chegando a quase 65 milhões de usuários, com penetração de 36%), a expectativa é de uma evolução ainda expressiva, de 28%, na telefonia móvel, com o mercado chegando ao final de 2005 com 83 milhões de assinantes. A partir do segundo semestre, porém, haverá desaceleração, em uma tendência que deverá se acentuar em 2006, quando o índice de penetração estiver em torno de 50%.
* Queda de receita média: A prevalência do pré-pago (80%) e a forte concorrência desse segmento limita a capacidade de expansão de receitas e das margens de rentabilidade das operadoras, diz a corretora.
* Serviços de valor agregado: A solução para a melhora das receitas das celulares, diz a Fator, pode estar nos serviços de valor adicionado (especialmente mensagens de textos) e dados, que hoje não chegam a 5% do faturamento total das operadoras (15% a 20% na Europa). A média de mensagens por usuários no Brasil é de oito por mês, contra mais de 20 na Europa. Outro foco é o mercado corporativo, incluindo a tecnologia push-to-talk (como da Nextel) e ferramentas para conexão de palmtops e notebooks.
* Tarifas de interconexão: Pela análise da corretora, um problema já para fevereiro próximo é a livre negociação das tarifas de interconexão fixo-móvel, responsável por algo entre 40% e 50% das receitas das operadoras de celulares. Até aqui, a Anatel vinha fixando os valores. ?Aparentemente, a agência reguladora vem adotando uma postura de preservar o equilíbrio das empresas. Nesse sentido, adotamos em nossas projeções estabilidade das atuais tarifas de interconexão?.
