Redes neutras suportam 18% da banda larga em fibra do País

As operadoras de redes neutras de fibra até a casa do cliente (FTTH) já suportam cerca de 18% dos acessos de banda larga via fibra óptica do País, em patamar que indicaria maturidade do modelo, segundo competidores da cadeia.

A cifra foi trazida pelo CEO da FiBrasil, André Kriger, durante debate na Futurecom 2023 ao lado das concorrentes V.tal, American Tower e I-Systems. Diretor comercial da última, Marcio Estefan calculou que os acessos de fibra suportados por redes neutras se aproximam dos 7 milhões, ao passo que o segmento teria mais de 30 milhões de casas passadas (HPs) com fibra no País.

Boa parte do footprint pertence à V.tal, que soma mais de 20 milhões de HPs no País. Nela estão mais de 4,5 milhões de clientes de fibra da Oi, que sozinha representa 14% do mercado de fibra no Brasil, mas há ainda dezenas de outros players de portes variados, inclusive novatos na cadeia. Para o vice-presidente de negócios para varejo da V.tal, Pedro Arakawa, um dos fatores que estaria levando mais empresas às redes neutras seria a constatação que taxas de ocupação de rede de 15% a 20% na banda larga são insuficientes para retorno de investimento.

Pela American Tower, o diretor de novos negócios Daniel Laper também reconheceu amadurecimento comercial do segmento, com questões técnicas que há pouco permeavam o debate ficando para trás. O executivo afirma que em mais de 70% das cidades onde a operadora de infraestrutura opera o modelo de FTTH neutro, há dois ou mais provedores utilizando a rede.

Consolidação

Vale lembrar que as redes neutras são apontadas como peças importantes na futura consolidação do segmento da banda larga. Na Futurecom, todas as companhias declararam estar atentas a oportunidades de negócios, mas colocando como exigência a qualidade e compatibilidade de redes.

"O desafio é achar operações que façam sentido ser integradas, mas é muito importante ter essa consolidação acontecendo", resumiu Kriger, da FiBrasil. "É natural que a gente estude M&A, levando sempre em consideração qualidade, se a rede é a prova de futuro e compatível com o que nós temos", completou Arakawa, da V.tal.

Também há convergência setorial quanto ao uso compartilhado dos postes. A cadeia se enxerga como elemento natural do ordenamento das redes aéreas de telecom, uma vez que diversas operadoras podem usar uma única prestadora de cabos a partir do modelo. Atuar como o "posteiro" previsto na proposta de novas regras para os postes, contudo, não estaria no roteiro. A preocupação maior seria com o próprio acesso das empresas de redes neutras aos pontos de fixação.