Banda larga fixa: fase é de racionalização e correção de assimetrias, aponta debate

Foto: Pixabay

Em debate sobre o futuro do mercado de fibra óptica realizado nesta quarta, 4, durante a Futurecom 2023, o tom das operadoras competitivas, que foram as principais responsáveis pela expansão do mercado de fibra nos últimos anos, foi de racionalização e amadurecimento do mercado. Para o CEO da Ligga Telecom, Adeodato Netto, o mercado de banda larga não tem mais as mesmas condições que teve no período de crescimento mais intensivo. "Era um tempo de juros negativos no mundo em que o capital de risco buscava qualquer oportunidade de investimento, por isso o mercado de ISP se beneficiou no Brasil. Agora o jogo é outro. É um momento em que é preciso racionalização e compartilhamento de recursos", disse Adeodato. Ele reconheceu que o modelo de redes neutras, por exemplo, está no radar da Ligga para a expansão para novas regiões, dentro da lógica da otimização. Adeodato Netto é o entrevistado do Podcast TELETIME e sua entrevista estará disponível na íntegra nesta quinta, 5, no canal da TELETIME no Youtube.

Também a Telcomp, associação que representa cerca de 70 operadores de banda larga competitivos, mas de maior porte em relação à massa de ISPs pequenos, defendeu atenção a condições não isonômicas de tributação e criticou o acesso irregular aos postes. "Reconhecemos a importância do Simples, mas ele cria uma distorção. Não é possível competir com condições tão assimétricas em que um mesmo grupo econômico tem 10 ou 12 empresas no Simples", disse Luiz Henrique Barbosa. Ele também criticou as empresas que ocupam irregularmente os postes, colocando redes de fibra sem terem contratos, mas destacou que o custo dos postes é um problema para operadores regionais e locais.

Para a Conexis, que representa as grandes operadoras de telecomunicações, os desafios de ampliação do acesso estão mais atrelados, hoje, a questões de infraestrutura e liberação de antenas para o 5G e a políticas que incentivem a instalação de redes de telecomunicações em edificações, mas Diogo della Torres, coordenador da Conexis, também destacou a necessidade de políticas para fomentar o consumo.

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Políticas públicas

Já o governo e a Anatel acreditam que as políticas públicas em curso terão potencial de ajudar a fechar os gaps digitais ainda existentes. Para Maximiliano Martinhão, secretário de telecomunicações, a inédita utilização dos recursos do Fust, somada ao conceito de conectividade significativa e à preocupação de conectar escolas e postos de saúde pensando não apenas no atendimento destes locais, mas nas comunidades em torno, ajudarão a cobrir as falhas na cobertura de banda larga.

Já o conselheiro da Anatel Moisés Moreira, da Anatel, destacou o sucesso dos programas de conectividade viabilizados por meio do edital de 5G, sobretudo o programa de infovias subfluviais na Amazônia. "Era um projeto que vinha sendo testado pelo Exército, pelo próprio governo na Infovia 00 e depois como meta adicional do Gired (edital de 700 MHz), e que se mostrou acertado agora. Vai fazer toda a diferença para a região", disse.

Leandro Guerra, presidente da EAF, empresa que implementa as metas de construção das redes subfluviais, aponta  a importância que o projeto tem para o desenvolvimento de uma tecnologia inédita de lançamento desse tipo de cabo. "Hoje esse é o maior projeto do mundo de infovia em leito de rios, e todo o know how foi desenvolvido localmente, por empresas e profissionais da região".

Já Igor Ramos, diretor da Huawei, aponta uma segunda onda de evolução da tecnologia de fibra no Brasil, com a introdução de redes de maior capacidade, como XGS-PON, redes domésticas WiFi de maior capacidade, e tecnologias compartilháveis. Ele também destacou a necessidade de que o Brasil adote, a exemplo de outros mercados, a prática de estabelecer como condição de novas residências e espaços empresariais a previsão expressa de tecnologia de conectividade, e por isso equipamentos compartilháveis entre vários usuários é essencial.

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