A adoção de métricas de governança ambiental, social e corporativa (ESG) pela Ligga Telecom deve influenciar tanto as pretensões de abertura de capital (IPO) da operadora paranaense quanto a definição de alvos para aquisição pelo grupo.
O cenário foi desenhado pelo vice-presidente de relações institucionais da Ligga, Vitor Menezes, durante o seminário Telecom ESG promovido nesta terça-feira, 4, por TELETIME. "[O ESG] é um caminho sem volta. Agora, com nosso processo de expansão que passa por fusões e aquisições, isso leva em conta quando avaliamos novas empresas".
A demanda, segundo Menezes, seria fruto da pressão de consumidores e também de investidores, sobretudo em momento que a empresa controlada pelo fundo Bordeaux tem no planejamento uma abertura de capital em meados de 2023. "Para quem está se preparando para IPO e para receber investimentos financeiros, será algo super importante", argumentou o VP da Ligga.
Frentes
A avaliação interna é que o grupo já tem experiência no segmento, visto iniciativas da antiga Copel Telecom (hoje parte da empresa) em áreas como descarbonização (na seara ambiental) e combate ao bullying online (na social). Para o futuro, outros projetos estão em fase de formatação.
Uma delas passa pela posição da Ligga como detentora de lote regional de 3,5 GHz no Norte, a partir da controlada Sercomtel: segundo Menezes, o atendimento de compromissos de cobertura em cidades de baixa densidade da região será acompanhado de projetos de sustentabilidade, educação e empreendedorismo entre comunidades ribeirinhas e indígenas.
Outras iniciativas no forno são produtos voltados para sustentabilidade que devem passar a fazer parte do portfólio da Ligga e a criação pelo grupo de uma vice-presidência para pautas relacionadas ao ESG, sinalizou Menezes durante o evento virtual.
Concorrência
Assim como demais especialistas, o VP de relações institucionais da Ligga reconheceu que a abordagem é necessária na cadeia de telecom e capaz de gerar até mesmo retorno financeiro. Contudo, Menezes também demonstrou preocupação com concorrentes de menor porte que não seguiriam regras de governança corporativa, ambiental ou social.
"O ESG é uma tendência, mas não é a realidade de todas as empresas. Ele tem custos que valem a pena o investimento, mas quando você olha alguns concorrentes, não há regras de compliance, de ética, e isso gera uma guerra de preço injusta – porque a governança custa. Com concorrentes na direção contrária, eles conseguem praticar um preço menor".