Transmissões de alta capacidade darão impulso à universalização no Brasil, dizem operadoras

Universalizar serviços de telecomunicações no Brasil é um desafio que a operadoras móveis devem calcular na ponta do lápis para atender metas de cobertura atreladas às faixas de espectro adquiridas em leilão, especialmente quando falamos de metas de 3G e 4G. Essas estações radiobase precisam estar conectadas com backhaul robusto o suficiente para escoar o tráfego de dados móveis, cada vez mais composto por vídeos, e em muitos em que há deficiência de infraestrutura fixa, a solução é fazer o backhaul via satélite.

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A provedora de satélites Intelsat, que já trabalha com todas as operadoras móveis brasileiras provendo conectividade para backhaul, além de atuar com operadoras de banda larga fixa e trunking, estima que o tráfego móvel deve ter um crescimento médio anual composto de 66% entre 2012 e 2017, impulsionado também pela substituição de tecnologias 2G por 3G e 4G. "Com esse aumento no tráfego, vamos precisar de satélites e tecnologias em terra que suportem essa demanda com um resultado econômico favorável, porque os métodos tradicionais de utilização do segmento espacial começam a ficar ineficientes", pontua o diretor de vendas da Intelsat, Marcio Brasil. "Em um cenário com 500 sites 3G conectados via satélite e demandando 3 Mbps em cada direção, estamos falando de 8 Gbps de tráfego. É um desafio para a frota de satélites convencionais", detalha.

A saída, segundo o executivo, são satélites de alto throughput (HTS, na sigla em inglês), que comportam dezenas de Gbps de tráfego e podem de reduzir necessidades de investimento e custos operacionais das operadoras ao aumentar a eficiência da quantidade de bits por segundo trafegado por hertz de frequência. Esses novos artefatos também melhoram a eficiência espectral ao fazer o reuso de frequências. "A Intelsat lança no terceiro trimestre do ano que vem o primeiro satélite da frota com tecnologia Epic, de satélites HTS, e cinco dos seis satélites Epic cobrirão a América Latina", conta. A operadora ainda aposta na banda Ku, menos suscetível a interferências climáticas que a Ka. O IS-29e, que será o primeiro HTS da Intelsat, terá spot beams de 5 GHz em banda Ku com mais de 12 Gbps de throughput agregado. "São spot beams com eficiência de mais de 3 bps/Hz e uma capacidade de pelo menos seis vezes a de um satélite convencional", diz Marcio Brasil.

Small cells

A queda de preços de soluções de small cells para levar conectividade 3G e 4G a áreas rurais e remotas é outro fator que, na opinião do diretor sênior de marketing de produtos da Gilat Satellite, Amir Yafe, em conjunto com HTS, ajudará a universalizar os serviços no Brasil. "As redes 3G e LTE requerem V-SATs mais rápidas que possam suportar toda a capacidade dos dispositivos móveis. E no 4G, com dispositivos que vão até 200 Mbps, a velocidade importa", observa Yafe. A Gilat desenvolveu soluções de aceleração de dados no segmento satelital com TDMA e criou a CellEdge, uma small cell com conectividade via satélite de baixo Capex para cobrir grandes áreas com baixo consumo de energia e fácil implementação.

"Oferecemos a solução turnkey, da aquisição do site, autorizações para construção, até a integração com a rede core da operadora. Em um projeto aqui no Brasil, implementamos 20 sites em dois meses, instalando V-SATs e small cells em torres de 20 metros e que chegam a velocidades de 200 Mbps para backhaul", conta o executivo.

Novas receitas

A O3b, que iniciou sua operação comercial no dia 1o de setembro após seu segundo bloco de quatro satélites lançados em junho deste ano terem completado sua órbita definitiva, apostou em satélites HTS em banda Ka e órbita baixa. Com oito satélites em órbita e cobrindo 180 países, a O3b tem como proposta oferecer altas velocidades, de até 155 Mbps, a preços acessíveis.

"Temos 1,3 Gbps por beam e uma capacidade total de 13 Gbps trabalhamos com apenas 150 ms de latência, contra 100 Mbps e 500 ms de latência de um satélite geoestacionário", compara o diretor geral da O3b Brasil, Sandro Barros. "Acreditamos que, com a nossa solução, as operadoras podem não só atender metas de universalização, mas levar solução de qualidade a custos acessíveis e ainda podem gerar receitas adicionais. Podemos fechar business cases que antes não fechavam", diz, citando como exemplos projetos de cidades digitais ou cobertura de grandes feiras agropecuárias.

Ele cita o exemplo das operadoras da Malásia que se juntaram para cumprir metas de universalização. "Fizeram uma infraestrutura única compartilhada de 2 Gbps para atender 111 vilas com serviços 3G. São cerca de 100 mil pessoas atendidas por 138 sites. Agregamos uma estação de satélite a cada cinco Node-Bs para fazer a carga para o gateway mais próximo, com 100 Mbps por site concentrador. O que realmente é o diferencial aqui foi usar o conceito de entroncamento com backhaul via satélite", aponta Barros.

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