GSMA: ritmo da inclusão digital na América Latina está desacelerando

Foto: Pexels

O cenário de conectividade plena na América Latina até 2030 não pode ser alcançado com a regulação atual, defende a associação global da indústria móvel GSMA. Em relatório sobre as lacunas de acesso na região, com foco na Argentina, Brasil, Colômbia, Costa Rica e Equador (clique aqui para acessar), a entidade diz que, mantendo-se as regras atuais, a lacuna atual de cerca de 38% da população offline seria mantida. 

Segundo a GSMA, atualmente há 40 milhões de pessoas sem conexão (7% do total) na América Latina, enquanto outros 190 milhões têm cobertura, mas não acessam por barreiras como letramento digital ou custo. Considerando a cobertura 4G, o modelo da associação é de que "nenhum país atingirá a conectividade universal em 2030, persistindo uma lacuna entre 21% e 46%", se mantido o cenário atual. 

Em comunicado, o diretor da GSMA para América Latina, Lucas Gallitto, afirma que o ritmo da inclusão digital está desacelerando. "Os desafios que temos hoje, com 93% de cobertura de banda larga móvel na América Latina, não são os mesmos de anos atrás, quando havia muito por ser feito em termos de conectividade", afirma. Ele sugere o redesenho de políticas de aplicações dos fundos setoriais, com o estímulo à demanda. "Os desafios mudaram e as políticas que nos trouxeram até aqui não são exatamente as mesmas de que precisamos para seguir em frente", reforça.

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Mesmo resolvendo questões históricas na região, como a destinação adequada de recursos de fundos de universalização (como o Fust), ainda haveria um desafio grande: a GSMA avalia que 50 milhões de pessoas seriam conectadas, ou uma redução de 6 a 16 pontos percentuais na lacuna – que seria de ainda um pouco mais de 10% "em alguns casos". Como alternativa, a entidade cita medidas como "eliminação dos impostos especiais de consumo do setor e daqueles sobre dispositivos e planos de internet para segmentos de baixa renda". 

O problema é que os lugares onde há falta de infraestrutura, por exemplo, são também mais complexos, o que "dificulta um modelo economicamente viável de implantação de redes". A avaliação da GSMA é que países como Argentina, Brasil e Colômbia demandariam US$ 1,2 mil de financiamento adicional por pessoa coberta para chegar a 99% de cobertura 4G. Já na Costa Rica e Equador, esse valor sobe para entre US$ 2 mil e US$ 3,5 mil. 

"Cobrir o último 1% da população exigiria um financiamento ainda maior e, portanto, possíveis soluções tecnológicas alternativas. Por fim, diminuir a brecha de uso também exigiria aumentar a demanda por meio de programas de letramento digital e subsídios cruzados de forma a cobrir o custo de dispositivos e serviços para cidadãos de baixa renda. Isso implicaria um custo estimado entre US$ 50-360 por pessoa adicional conectada, dependendo do país analisado."

Vale notar que, especificamente no caso do Brasil, a principal barreira para a conectividade apontada no relatório é a desigualdade econômica. Ou seja: apesar de também estar presente nos outros países pesquisados, a distribuição de renda ineficiente (e consequentemente, o poder de compra) na população é até mais pesado para o brasileiro do que questões relacionadas à conectividade em si, como o custo do acesso ou impostos. Confira na tabela abaixo (quanto menor o valor, maior a barreira).

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