Menos de 32% das rodovias federais brasileiras possuem alguma cobertura de dados móveis, segundo dados da Anatel compilados pela IHS Towers, empresa de infraestrutura de telecomunicação.
As informações foram divulgadas durante o Fórum das Operadoras Inovadoras, realizado nesta quarta-feira, 10, por TELETIME e Mobile Time, em São Paulo.
Desse total, 50% da cobertura está na região Sul e Sudeste. De acordo com o CTO da IHS Towers, Antonio Maya, a cobertura hoje está concentrada nas proximidades das grandes cidades por conta da alta demanda e o menor risco para investimentos.
Ele acredita que o modelo de cobertura atual, em que a empresa de infraestrutura instala a torre e as operadoras fazem o restante para prover o serviço, se mostrou "inviável". "Ele é inviável por diversos motivos: porque a ocupação do equipamento da operadora é muito baixa, há dificuldade ambiental e de implementação, além de custos muito elevados", afirma Maya.
O compartilhamento de infraestrutura de rede, com a utilização de sites entre diversas provedoras de serviços de telecom, é um dos caminhos mais viáveis para expandir a conectividade nas rodovias brasileiras, ressalta o executivo. Atualmente, o modelo em vigor tem cada operadora ocupando menos de 20% da capacidade dos equipamentos com um custo três vezes maior, acrescenta o CTO da IHS Towers.
Assim, a mudança de abordagem poderia alterar esse quadro de forma significativa. "Se fizermos isso no modelo de Network as a Service, o mesmo equipamento pode ser utilizado por todas as operadoras, e a gente chega em uma taxa de ocupação de 50%, às vezes 60%, o que pode viabilizar a implantação de um site com diversas soluções", afirma.
Conclusão semelhante aparece no estudo da consultoria SmC+ Digital a pedido da American Tower (associada da Abrintel), que recomendou mais incentivos e facilitação do compartilhamento de infraestrutura, conforme mostrou TELETIME.
Segundo a proposta da IHS Towers, o compartilhamento de infraestrutura de postes poderia ser realizada em fases: no primeiro nível, a proposta prevê um subsistema de energia com um banco de baterias; no segundo, um sistema irradiante com antenas, para abranger toda a área alvo; e o terceiro é o compartilhamento completo.
Em separado, o último ponto é o trabalho sobre a utilização do espectro, que pode ser tanto das empresas de infraestrutura quanto dos provedores.
"A gente usa o equipamento e existem algumas formas de compartilhamento desse espectro que podem ser utilizadas. Cada operadora ativa seu espectro próprio no equipamento e tem o compartilhamento máximo em que o espectro é o único, que pode ser tanto da infraestrutura como não. Então, a gente não precisa ter o espectro para compartilhar", diz Maya.