Os investidores reagiram mal à anunciada proposta da Embratel para a aquisição da AT&T Latin America (ATTL). As ações preferenciais (PN) da tele brasileira tiveram queda de 2,7%, fechando a R$ 6,12 e as ADRs, nos Estados Unidos, retração de 2,82%, cotadas a US$ 10,33. A única beneficiária foi a própria ação da ATTL, um papel de valor quase zero (US$0,09), que subiu 50%.
A reação, no entanto, é mais resultado da falta de informações sobre o negócio (principalmente financeiras) do que propriamente um julgamento sobre a sua conveniência.
Victor Martins, analista do Banco Safra, observa, nesse sentido, que a notícia sobre a aquisição é cheia de ?se?. De acordo com o anúncio desta quarta-feira, a Embratel assinou um acordo para comprar as cinco subsidiárias da AT&T Latin America na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e Peru, todas prestadoras de serviços de transmissão de dados. Não apenas foram omitidos os aspectos financeiros, como ficou claro que a definição ainda depende de um leilão que será baseado na proposta vencedora inicial da Embratel. Fora isso, mesmo que a Embratel seja a ganhadora, ainda terá pela frente a aprovação da venda pelo tribunal de falências norte-americano, em data totalmente dependente dos tribunais dos Estados Unidos.
No Brasil, a GVT e o consórcio Atrium/Comsat confirmaram a participação na concorrência pela ATTL, mas não divulgaram se pretendem continuar na disputa.
Expansão
A incorporação das subsidiárias da ATTL pode ser um negócio bom para a expansão da Embratel, dizem analistas do Bradesco e do Sudameris. Só no Brasil, a operadora de dados corporativos tem rede de transmissão em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte e Brasília. A empresa, que já tem um pé na Argentina e uma licença para operar no Chile, ganharia terreno na Colômbia e no Peru. ?Os negócios têm muitas sinergias", disse Petros Georgios, do Sudameris à agência Reuters.
A preocupação é com o lado financeiro. A Embratel, que conseguiu voltar ao lucro neste ano depois de uma série de trimestres no vermelho, em meados de agosto, assinou uma carta de intenção com a norte-americana Qualcomm para comprar a operadora de telefonia fixa Vésper. Onde arranjará recursos para essa nova empreitada? O seu controlador, a MCI não tem o que oferecer. E a reestruturação da sua dívida só lhe dá fôlego até meados do ano que vem.