Para expandir o portfólio com novas tecnologias de Wi-Fi de alta capacidade, a Qualcomm anunciou na quarta-feira, 2, que completou a aquisição da Wilocity. A empresa possui pesquisas avançadas no desenvolvimento de chipsets baseados no padrão do Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE) 802.11ad, também chamada como WiGig, compartilhando a sigla com a associação especializada no padrão, a Wireless Gigabit Alliance. Essa tecnologia de Wi-Fi utiliza a frequência de 60 GHz para entregar acesso "multigigabit" – segundo a própria fornecedora, é possível alcançar velocidades de até 7 Gbps.
A aquisição da Wilocity é um processo natural: a Qualcomm era investidora da empresa desde 2008 e trabalhou em conjunto para desenvolver e distribuir soluções desde 2011. Os termos da transação, como valor e forma de pagamento, não foram divulgados.
Com a compra da Wilocity, a Qualcomm aproveita para incorporar a tecnologia em seu portfólio, já anunciando o lançamento de uma família de plataformas tribanda (com os padrões 802.11 b/g/n em 2,4 GHz; 802.11ac em 5 GHz; e 802.11ad em 60 GHz) que combina as soluções Wi-Fi e WiGig para aplicações móveis. A primeira plataforma de referência tribanda tem o design baseado no processador Snapdragon 810, para aplicações como streaming de vídeo 4k, compartilhamento peer-to-peer, docking wireless e sincronização de dados sem fio. Na visão da fornecedora, a tecnologia de 60 GHz complementa as zonas tradicionais de Wi-Fi com conectividade de alta capacidade.
Tecnologia
O padrão WiGig já é adotado pela indústria de informática, como no caso de computadores da fabricante Dell. Com a entrada da Qualcomm, fica possível também a popularização, já que os dispositivos móveis como tablets e smartphones são os que mais se beneficiam da transmissão sem fio.
Isso é importante porque o padrão de 60 GHz não é muito adotado ainda, e ele deverá ser mais utilizado para transmissão entre equipamentos (como o streaming de um vídeo de um smartphone para a TV, por exemplo), deixando a conexão à Internet com o Wi-Fi 802.11ac. Esse padrão, por sua vez, começa a ganhar mais adoção, com fabricantes investindo em dispositivos e roteadores, como a Apple (apesar de alguns de seus produtos ainda não contarem com a compatibilidade).
No entanto, o 802.11ac possui um problema: ele consegue entregar velocidade de até 1,3 Gbps, mas em streamings simultâneos limitados a 300 Mbps cada. A saída poderá ser a adoção do 802.11ax, ainda em fase de estudos e que só deverá virar um padrão pela IEEE em 2018. Com a nova conectividade, utilizando sistemas de múltiplos inputs e outputs com divisão de frequência ortogonal (MIMO-OFDA), pesquisadores atingiram velocidades de mais de 10 Gbps em laboratórios.