O presidente da Anatel, Luiz Guilherme Schymura, afirmou nesta quinta, dia 3, que no entendimento da agência o uso de faixas de frequência de 1,9 GHz para o SMP em caráter secundário só deve acontecer em caráter excepcional, provisório e desde que vá ao encontro do interesse público. A declaração foi dada durante a audiência pública realizada na Comissão de Comunicação da Câmara dos Deputados para debater a Resolução 314, a renovação dos contratos de concessão e outros assuntos que estão na pauta da agência.
Segundo Schymura, a decisão final do Conselho Diretor da Anatel sobre o assunto deve sair em 15 dias. Mas Schymura deu quase como certo que a decisão da Superintendência de Serviços Privados de não permitir que a Vésper opere o SMP em caráter secundário na faixa de 1,9 GHz será mantida. Perguntado sobre qual será seu voto, o presidente da Anatel declarou apenas: "Meu voto já está claro".
Segundo Schymura, o uso da faixa de radiofreqüência de 1,9 GHz para prestar o SMP poderia se justificar em casos de necessidade de cumprir metas de universalização (como aconteceu com a Telemar) e para possibilitar o roaming. Mas o caso da Vésper não se encaixaria em nenhuma das condições previstas pela Anatel.
Luiz Kaufmann, presidente da Vésper, que estava presente à audiência pública, questionou a validade de um documento que seria editado para justificar uma atitude prévia da agência. Para Schymura, não há dúvida de que a Vésper terá que usar as freqüências em 1,8 GHz para prestar o SMP, como prevê o edital de licitação.
Neutralidade
O presidente da Anatel também enfatizou o fato de haver neutralidade tecnológica no Brasil. Schymura disse que a agência procura manter esta mesma neutralidade ao tomar suas decisões, mas lembrou que a tecnologia nem sempre pode ser desconsiderada, uma vez que uma freqüência só pode ser destinada a um serviço se houver tecnologia compatível. Ele também ressaltou que a planta em CDMA no Brasil deverá deter aproximadamente 56% do mercado móvel (para o cálculo, o presidente da Anatel considerou que a Brasil Telecom irá prestar o serviço em CDMA). Com este número, o presidente da agência procurou rebater as críticas de que a decisão da Anatel teria como objetivo a reserva do mercado móvel para o GSM.