A e-space é um novo player do setor de satélites que está chegando ao mercado no ano que vem com uma proposta diferente: de estabelecer uma constelação de órbita baixa (LEO) que não apenas seja mais resiliente como ainda lide com o problema do lixo espacial e possa ser considerada "sustentável". Isso porque o design dos aparelhos traz a configuração de tentar "driblar" os detritos no espaço, e, em caso de colisão, consegue ter o descarte de forma inteligente para não gerar ainda mais sucata em órbita. A e-space foi criada por Greg Wyler, um dos pioneiros do mercado de satélites de órbita baixa e fundador (já sem nenhum vínculo) da OneWeb.
Conforme explica a VP de global affairs and stakeholders relations da e-space, Amy Mehlman, o objetivo é proporcionar uma cobertura global e de disponibilidade alta, com topologia de segurança zero-trust e sistema contra falhas. "Há muitos detritos, milhões de pedaços que sabemos que a ESA [Agência Espacial Europeia] e outras agências tentaram quantificar. Sabemos que tem pedaços atingindo o [telescópio] Hubble.", argumentou ela nesta quinta, 1º, em participação no Congresso Latinoamericano de Satélites.
Assim, ela assegura que o desenho dos satélites possibilitem coexistência com outros artefatos, mas também visando "não serem atingidos e não se quebrar em pedaços, virando detritos". No caso de serem atingidos, também há solução. "Temos o sistema que consegue fazer cair tanto o próprio satélite quanto o detrito", explica. Obviamente, isso significa desintegrar com segurança o artefato na reentrada da atmosfera.
Segundo Mehlman, a e-space está já em discussões com a Anatel, sobre a qual afirma ter recebido "apoio incrível" para colocar em pauta o assunto de lixo espacial em fóruns internacionais. Perguntada se o Brasil está nos planos da empresa, ela foi enfática. "O Brasil e a America Latina são bem importantes, estou aqui por um motivo." Ela citou como oportunidades a cobertura para o setor energético como exemplo, mas sem adiantar nenhum acordo.
A executiva afirma que a companhia fará anúncios nas próximas semanas, mas destaca que o foco é que sejam sistemas "menos caros" e com produção mais rápida. Ela não descarta o fornecimento de hardware para outras operadoras, mas diz que não está nos planos atuais. Segundo o calendário apresentado, um projeto beta será lançado no primeiro semestre de 2023, com a produção iniciada um ano depois, na primeira metade de 2024.