Pedidos de conexão ao PTT do Rio só serão aceitos até 12 de maio

Há uma carência já histórica por sistemas autônomos (AS, na sigla em inglês, que é a unidade funcional de roteamento da Internet) e pontos de troca de tráfego (PTT) fora do eixo Sul-Sudeste no Brasil, mas essa infraestrutura é crítica também no Rio de Janeiro. O gerente do PTT.br, órgão do NIC.br que gerencia os pontos no País, Eduardo Reis, a capital fluminense terá um aumento de demanda de troca de tráfego significativa na Copa do Mundo, mas não deve ter a sua capacidade ampliada. "Nossa preocupação é o Rio, porque vai ter centro de imprensa", disse ele em conversa com jornalistas nesta terça, 1º, em São Paulo, no 2º Congresso de Provedores de Internet.

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Segundo Reis, o tráfego passará principalmente por São Paulo, mas também haverá muita demanda carioca. "É lá que mais carece de infraestrutura para conexão de serviços, fibra no Rio ainda é algo muito penoso", declara. A capital teria PTTs com portas de 20 Gbps que poderiam ser expandidas para 100 Gbps, não fosse a dificuldade em instalação de fibra.

Em preparação para o evento esportivo, aliás, o PTT.br entrará em um período de "congelamento operacional" a partir de 12 de maio, no qual empresas não poderão solicitar portas ou expansões nos pontos gerenciados pela entidade. Eduardo Reis diz que é um trabalho baseado no que foi realizado em Londres para as Olimpíadas em 2012 e visa "mexer o minimamente possível (nos PTTs) para minimizar problemas na infraestrutura e, assim, reduzir a possibilidade de problemas". No período, o PTT.br ficará apenas dedicado a suporte.

Essa medida foi anunciada em dezembro passado, mas Reis afirma que ainda há empresas correndo atrás – muitas deixaram para depois do Carnaval. "Mesmo quem não estiver envolvido com a Copa não poderá mais pedir portas (durante o evento). Então, tem que pedir antes… Elas tem que reforçar. Provedores pequenos e médios também", diz. Segundo ele, a Globo foi uma das que se adiantaram nos pedidos, até por ser a emissora responsável pela transmissão do torneio. "A Globo fez uma parte, mas ainda tem coisa para fazer. Não foi o caso do efeito Carnaval, mas é que o processo de importação tem muitas variáveis difíceis de medir. Muitos equipamentos, quase todos, são importados", revela. A emissora teria pedido "cinco ou seis" portas de 100 Gbps.

Falta de cooperação

Muito além dos 20 Gbps no PTT carioca, o PTTMetro de São Paulo gerido pelo NIC.br tem um tráfego de 400 Gbps. Mas trata-se de uma média ainda bastante inferior a dos maiores PTTs do mundo, como de Amsterdã, que tem entre 2 Tbps a 3 Tbps. Eduardo Reis explica que o problema no Brasil é cultural, afirmando que operadoras e provedores menores se recusam a trocar tráfego entre si por ainda manterem mentalidade concorrencial de monopólio. 

De qualquer forma, com novos comportamentos da Internet com aplicações over-the-top, há indícios de que isso possa mudar. Reis explica que serviços como o YouTube e Netflix mudaram o perfil de tráfego, que agora não tem mais pico em horários comerciais, mas à noite e nos finais de semana. Por isso, o vídeo agora já seria responsável por entre 40% e 50% do tráfego brasileiro nos PTTs geridos pelo NIC.br.

Falta de AS

Entretanto, para Eduardo Reis, o problema principal não é apenas a falta de PTTs em regiões mais afastadas do Sudeste, mas a baixa adesão de empresas como sistemas autônomos. "No Brasil, hoje, temos 2.450, um pouquinho mais, de AS cadastrados pelo NIC.br, que é quem aloca os endereços IPv4, IPv6", explica. Esse montante é formado não apenas por provedores, mas universidades, bancos e empresas. Ele exemplifica que, para não enviar tráfego para PTTs no eixo Rio-São Paulo, é preciso que haja sistemas autônomos na região. "Esse transporte custa caro", diz. O problema é mais grave principalmente no Norte, Nordeste e Noroeste do País.

"Na minha opinião, todas os provedores e empresas grandes deveriam ser sistemas autônomos. Empresas médias, a maior parte. Empresas de informática do governo tinham de ser, mas a maior parte não é", diz o gerente do PTT.br. Para se cadastrar como sistema autônomo, as empresas precisam pagar taxas ao CGI.br, mas Reis garante que esse não é o maior problema. "O problema é que a empresa tem que treinar pessoal e ter equipamento, pois ele assume responsabilidades que antes repassava para o provedor. Ele ganha benefícios, mas assume responsabilidades", diz. Para ajudar nessa questão, o CGI.br tem promovido cursos para auxiliar a capacitação técnica de funcionários de companhias que queiram ser AS.

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