Pode parecer um contrasenso, mas apenas agora, alguns anos depois de a maior parte da indústria de telefonia móvel ter decidido utilizar a tecnologia LTE como caminho para a quarta geração de telefones móveis é que começam as discuções para definir como é que estas redes LTE funcionarão para falar e mandar mensagens, que são hoje a principal parte das receitas das operadoras móveis. A resposta para esse problema foi anunciada esta semana, com o anúncio de que a GSM Asociation e seus associados estão comprometidos com a implementação de uma solução de voz sobre ambiente IMS (IP Multimedia Subsystem). A definição da solução de voz para as redes LTE (VoLTE) parece algo óbvio, mas não é. Como o LTE parte de uma rede completamente nova, totalmente IP (all-IP), as soluções de voz utilizadas pelos operadores de telefonia celular hoje não funcionam, tampouco as soluções de SMS.
Essa é uma grande preocupação da Verizon, maior operadora a lançar, ainda este ano, sua plataforma LTE. Segundo William Stone, diretor de estratégias de tecnologia wireless da Verizon, o lançamento da rede em 25 a 30 mercados ainda este ano terá uma grande cobertura populacional e será centrada no uso de smartphones, e não em data cards. Ele falou durante o Mobile World Congress, realizado esta semana em Barcelona. "Nós precisamos poder oferecer serviços de voz em smartphones". Em relação à padronização rápida do VoLTE, a Verizon está preocupada com esse tema porque quer interoperabilidade entre diferentes redes e não pode ter problemas de roaming, diz Stone. Ele lembra ainda que o mercado de voz, apesar de ser muito importante hoje, é em geral desprezado no mundo da banda larga móvel. "Meu filho adolecente não usa o celular para falar e nem toca no telefone fixo, mas quando ele está jogando no seu console XBox, ele está sempre com o fone de ouvido falando online com os outros jogadores".
Ele explica porque não poderia, por exemplo, oferecer Skype sobre a rede de dados em LTE. "O Skype é uma grande aplicação, por isso anunciamos a parceria com eles esta semana. Mais do que uma aplicação, é uma grande comunidade de usuários. Mas não é baseada em IMS ou SIP. É uma plataforma proprietária, e queremos uma plataforma de voz comum a todos os operadores".
Segundo Johan Wickman, diretor de pesquisas da TeliaSonera, que está implementando uma rede LTE em Stocolmo, Suécia, os resultados têm sido muito bons e a tecnologia está evoluindo mais rápido do que se esperava, mas a voz continua sendo a killer aplication, mesmo no mundo dos dados. "A plataforma IMS esteve por aí há um tempo, mas ainda não decolou, e agora, com esse compromisso de toda a indústria em relação ao VoLTE é um grande impulso".