No futuro leilão de espectro da Anatel, a TIM tem interesse não apenas nas frequências para o 5G, mas também em usar a faixa de 2,3 GHz e de 700 MHz. A operadora busca novas formas de aproveitar a rede existente em 4G, como o acordo de compartilhamento com a Vivo e a tecnologia de múltiplas entradas e saídas massiva (Massive MIMO). Assim, procura otimizar espectro inclusive para o caso de a aquisição da fatia da Oi Móvel não seja concretizada.
"Já demonstramos que estamos prontos para explorar da melhor forma possível as frequências que temos à nossa disposição. Se a consolidação do mercado acontecer e há possibilidade de pegar frequências da Oi, é uma boa oportunidade, claro, mas não é a única maneira de a gente prosseguir a estratégia", declarou o CEO da TIM, Pietro Labriola, nesta quinta, 30.
O CTIO da operadora, Leonardo Capdeville, lembrou que há outras fatias de espectro no leilão além daquelas consideradas para o 5G (as faixas de 3,5 GHz e de 26 GHz). "Vemos o 700 MHz, mas o 2,3 GHz é muito interessante e vai estar disponível. Mais de 20% de nossos smartphones já suportam essa frequência", afirma. Além disso, há a possibilidade de refarming para utilização em tecnologias mais avançadas.
MIMO e DSS
Outra via é a de aproveitar as faixas atuais. Os testes já realizados com o Massive MIMO teriam trazido um aumento de capacidade significativo na rede 4G existente: segundo a TIM, o crescimento foi de três vezes o desempenho normal da capacidade no LTE.
A operadora já concluiu o leilão de fornecedores com planos de três anos, mas ainda não revelou quais empresas escolheu. A implantação da tecnologia deverá acontecer já neste ano e alcançando inicialmente 200 cidades.
Por sua vez, a estratégia de lançar o 5G com o compartilhamento dinâmico de espectro (DSS), conforme já foi anunciado pela TIM, deverá ser concretizada em setembro. O serviço primário será em acesso fixo-móvel (FWA), utilizando a própria experiência que a tele já teve com o uso da tecnologia de 4G, chamado pela empresa de WTTx.
Cobertura total no Brasil
O acordo de compartilhamento de rede de acesso com a Vivo tem como potencial uma rede única (single grid) 3G e 4G em cerca de 1,6 mil cidades com menos de 30 mil habitantes. O acordo proporcionou a expansão da cobertura para mais de 800 cidades. Além disso, as duas empresas compartilham rede 2G em cerca de 2,7 mil cidades.
Aliando esse acordo de RAN Sharing com a assinatura do termo de ajustamento de conduta (TAC) com a Anatel, a TIM espera ter 100% de cobertura em cidades no País até 2023. O TAC prevê cobertura em 1,5 mil cidades, com cobertura de frequências baixas em 1,9 mil e backhaul de fibra em 230 municípios remotos.
Também dentro dessa meta, a TIM tem o projeto de rede como serviço (NaaS) para "fechar os gargalos" em rodovias, estradas e áreas no interior do Brasil. Para tanto, utilizará antenas "desplugadas" que serão abastecidas por energia solar e capacidade satelital de backhaul.