A ex-deputada federal e hoje diretora de sustentabilidade e industrialização da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, Perpétua Almeida, defende uma aproximação do setor de satélite das iniciativas de estímulo à transformação industrial no Brasil, a exemplo do que a ABDI já faz com o 5G. Para a diretora, o processo de transformação digital da economia brasileira precisa respeitar e contemplar os papeis de operadoras de telecomunicações, provedores de satélites e fornecedores, disse ela durante o Congresso Latinoamericano de Satélites, organizado pela TELETIME esta semana, no Rio de Janeiro. "A tecnologia não o problema. O desafio é pensar em políticas públicas de estímulo, de capacitação para o uso das tecnologias para a nova Revolução Industrial", disse ela.
Ela conclamou o setor de satélites, por meio de suas associações e empresas, a buscar a ABDI para iniciar os trabalhos em conjunto. Hoje a ABDI lidera, ao lado da Anatel, o trabalho de testes e avaliações do uso do 5G para a transformação digital em empresas e desenvolvimento de projetos de redes privativas, e o mesmo pode ser feito com o uso de conectividade via satélite, diz Perpétua Almeida.
Tecnologia e soberania
Ela também defendeu que o governo tenha programas de estímulo ao desenvolvimento de tecnologia aeroespacial nacional e que haja uma aproximação entre o segmento de defesa e o segmento empresarial privado, para uso dual das tecnologias desenvolvidas. "O Brasil não pode ficar dependente de tecnologias e serviços de empresas estrangeiras quando temos tecnologia nacional e mesmo empresas estrangeiras, mas estabelecidas no Brasil, que podem participar", disse ela. Um dos temas que permearam o Congresso Latinoamericano de Satélites foi o impacto que tecnologias satelitais como a Starlink estão tendo não apenas na oferta de serviços comerciais, mas na própria definição de políticas públicas.