Minicom e SET divergem sobre tamanho da interferência na TV digital

A realidade internacional sempre foi um argumento da radiodifusão para mostrar o quão grave pode ser a interferência do LTE na TV digital. No Japão, por exemplo, o custo para mitigar a interferência foi estimado em US$ 3 bilhões. Também no Reino Unido foi criada uma empresa com orçamento de 184 milhões de libras esterlinas para resolver o problema de interferência.

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As referência internacionais frequentemente levantadas pela radiodifusão ao pedir cautela na licitação da faixa foram rebatidas nesta terça, 29, em audiência pública na Comissão de Ciência Tecnologia Comunicação e Informática do Senado Federal, pelo secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Maximiliano Martinhão.

Segundo ele, no Japão a expectativa era de que a interferência afetasse 6 milhões de residências, "mas depois eles disseram que seria muito menos". Da mesma forma, no Reino Unido, prossegue Martinhão, a expectativa era de que a interferência afetasse 8,5 milhões de residências, mas posteriormente esse número foi reduzido para 900 mil e depois para 90 mil.

"A realidade quando você ativa o serviço é muito diferente de quando você faz no computador ou mesmo em testes de campo", afirma ele. "Existe problema de interferência? Existe. Mas eles são específicos, não são a regra. A experiência internacional é que está dizendo isso", completa ele.

A diretora de tecnologia da Sociedade de Engenharia de Televisão (SET), Ana Elisa Faria, não poderia deixar de responder às colocações do secretário: "A gente também foi atrás de dados oficiais e temos números um pouquinho diferentes", disse ela.

A diretora da associação, que conduziu testes junto à Universidade Mackenzie, afirmou que o cenário onde a interferência é mais prejudicial é quando a residência usa antena interna, devido à proximidade da antena com os aparelhos móveis. "No nosso caso, o brasileiro tem o hábito de usar antena interna. Há dificuldade grande em viabilizar antena coletiva em alguns prédios", afirma.

Ela mencionou uma pesquisa do Ibope na cidade de São Paulo para a qual 50% das pessoas declararam que a TV aberta é a única forma de assistir TV; dessas, 25% declararam que recebem o sinal por antena interna. "Este grupo está mais suscetível porque o hábito é assistir à TV com o celular do lado. O emprego da faixa de 700 MHz põe em risco esse hábito", afirma ela.

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