Claro defende 'racionalização' na banda larga; churn e experiência são desafios

Comemorando uma retomada do seu crescimento na banda larga fixa, no qual é líder de mercado no cenário brasileiro, a Claro vê como necessário um movimento de "racionalização" de preços no segmento – e de preferência, com apoio de demais operadoras.

A defesa foi realizada pelo diretor de marketing da Claro Brasil, Fábio Nahoum. Durante a edição de 2023 do Teletime Tec, promovido por TELETIME em São Paulo nesta terça-feira, 28, o executivo apontou um momento comercial de "retomada" da empresa na banda larga, que decorre de um investimento planejado na expansão da rede de fibra, mas também indicou que os preços praticados pelo segmento estariam em níveis insatisfatórios.

"O que agora a gente vai trabalhar é na rentabilização do crescimento. Estamos operando com preços muito aquém do que gostaríamos no mercado de uma forma geral. Fizemos um movimento agora de reajuste de preços de venda e vamos fazer [mais] um no começo do ano para de fato suportar esse aumento, com racionalidade de ofertas para crescimento mais sustentável", indicou Nahoum.

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Nesse sentido, o entendimento é que o aumento de preços só ocorrerá se seguido por demais players. "A racionalização só vai acontecer se todos vierem", afirmou Nahoum. Segundo o profissional, o Brasil já teria a segunda banda larga mais barata da América Latina, ao passo que o valor cobrado por megabit pela própria Claro teria caído 70% nos últimos cinco anos.

Uma das causas para tal é a competição com players regionais impulsionados por "vantagens fiscais e regulatórias", entende Nahoum. Vale lembrar que em agosto, a líder do mercado de banda larga indicou que estava partindo para o ataque na disputa com os provedores, inclusive com disposição para competição por preço.

A abordagem coincide com um momento comercial positivo para a empresa na banda larga: no ano, a Claro tem mais de 150 mil novos clientes do serviço. Uma das estratégias que explicariam o movimento seria justamente um olhar comercial mais local. "Estamos em mais de 500 cidades e não podemos operar igual em 100% delas", afirmou Nahoum.

O crescimento da banda larga dentro das praças onde a empresa já atua e a convergência com ofertas móveis são outros fatores da abordagem aplicada pela operadora. Em paralelo, as velocidades da base da Claro também estariam crescendo, com mais de 80% dos clientes com ofertas de 200 Mbps e quase metade com pacotes de 500 Mbps.

Fibra versus cabo

O quadro ocorre em momento de priorização de novos investimentos na tecnologia de fibra óptica, em detrimento do cabo (HFC). Ainda que notando velocidades satisfatórias que podem ser entregues por esta última, o diretor de marketing da tele reconheceu que uma discussão sobre o desligamento da rede de cabo é natural no futuro. Hoje a companhia já está encerrando vendas de HFC nas localidades onde chega com fibra.

"No longo prazo é natural pensar em desligar HFC e ficar com fibra, mas a dosagem dessa migração é o foco da discussão. Não estamos com faca no pescoço para fazer esse movimento", afirma Nahoum. Segundo o executivo, as duas tecnologias possuem níveis de satisfação similares entre clientes, ajudando no registro de um churn (evasão) de assinantes em nível "historicamente baixo" na operadora.

Ainda assim, a inadimplência do consumidor brasileiro ainda preocupa, chegando inclusive a limitar adição de clientes em meio a análises mais restritivas de aprovação de crédito. "Em muitas cidades só dá para aprovar 30% dos clientes que te procuram, e mesmo nesse 30% há índice alto de quem não permanece. Um desafio do mercado é como lidar com esse comportamento", apontou Nahoum.

Novas oportunidades

Para Leovaldo Martins, diretor de infraestrutura da Algar, hoje o mercado de banda larga é cada vez mais uma disputa pela melhor qualidade e experiência do usuário, e esse tem sido o grande esforço das operadoras.

Thyago Monteiro, CTO da Connectoway, faz análise semelhante. Segundo ele, cada vez mais as operadoras regionais estão pensando em suas redes com uma preocupação de qualidade e novos serviços.

"A gente já vê uma demanda crescente pelo WiFi 6, pelas redes mesh e ferramentas de gestão do WiFi, que é cada vez mais crítico na experiêncioa do usuário. Além disso, vemos os operadores querendo diversificar, entrar no mercado de B2B e pequenas empresas, e para isso eles precisam de redes com mais capacidade", diz Monteiro.

O CFO da Vero, Marcus Albernaz, confirma que a disputa pelo mercado de banda larga está mudando e não é mais apenas de preço. "Vemos uma demanda por novos serviços e mais qualidade. Mais de 40% de nossas vendas já incluem serviços digitais premium", explica.

Pedro Arakawa, VP de negócios da V.tal, vê o esforço de redução do churn na banda larga como um desafio importante no mercado. "Não conheço ninguém que tenha desistido de ser cliente de banda larga, ninguém abandona o serviço, deixa de usar. E ainda assim as operadoras comemoram quando conseguem índices de churn de 2%. Temos que entender por que esses clientes estão deixando uma operadora e indo para a outra, e trabalhar para evitar essa mudança. "O desafio de todo o mercado de banda larga, e isso inclui os players de redes neutras, é achar um jeito de fazer o churn ser zero". 

 

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