O mercado não viu com bons olhos a operação anunciada pela Oi nesta quarta-feira, 28, para permitir a entrada da Portugal Telecom no seu bloco de controle. O grande motivo de desconentamento dos acionistas foi o aumento de capital de R$ 12 bilhões na Telemar Norte Leste (a operadora) e na Tele Norte Leste (a holding imediatamente acima da operadora).
O descontentamento se refletiu na queda de 15,04% que a ação ordinária da Telemar (TNLP3) teve no pregão desta quarta e de 10,95% de queda que sofreu o papel preferencial (TNLP4). Esses papéis foram negociados a R$ 35,52 e R$ 27,27, respectivamente, o que é menos do que o valor de integralização das ações previsto no aumento de capital. A ação ordinária da operadora (TMAR3) registrou queda de 7,37%, sendo negociada a R$ 62,99. Todos esses papéis estiveram entre as maiores baixas do pregão desta quarta.
O analista do Banco Modal, Eduardo Roche, explica que o aumento de capital pegou o mercado de surpresa porque pode levar o investidor a ter sua participação diluída se as ações não forem inteiramente integralizadas. No acordo com a PT, os portugueses se comprometem a integralizar uma sobra de até R$ 3,7 bilhões na TNLP e TMAR. "O mercado não esperava que fosse chamado a participar da operação", diz ele. Além disso, o próprio valor do aumento de capital foi uma surpresa.
A analista da Ativa Corretora, Luciana Leocádio, explica que o mercado tinha uma certa expectativa sobre a Telemar em função dos boatos acerca da entrada de um novo sócio e uma possível mudança no controle – que geraria tag along. Em função dessa expectativa, as ações da empresa estavam operando em alta nos últimos dias. Como não houve mudança de controle e, portanto, não há o que se falar em tag along, os investidores estão desfazendo das suas posições.