A Oi apresentou na noite da última quarta-feira, 27, resultados financeiros do ano de 2023 que apontaram queda no faturamento da companhia e um prejuízo acumulado no ano de R$ 5,447 bilhões, 71% menor que o registrado em 2022.
A receita líquida total do grupo somou R$ 9,612 bilhões ao longo de 2023, em uma queda de 7,3% na comparação com 2022 (onde, em parte do ano, ainda eram considerados ativos hoje vendidos). No quarto trimestre a Oi fez R$ 2,276 bilhões em receitas, nesse caso em queda de 13% na comparação anual e de 5% versus o terceiro trimestre de 2023.
Os números consideram operações hoje consideradas "não core" pela companhia, como serviços baseados em cobre, a operação de TV paga via satélite (DTH), subsidiárias e atacado. Considerando apenas o que a Oi vê como core – a Oi Fibra e a Oi Soluções -, a receita em 2023 subiu 5,7% – para R$ 6,7 bilhões. Mas no quarto trimestre, mesmo essa linha caiu: – 2%, para R$ 1,638 bilhão.
Resultado financeiro e caixa
Contribui para o prejuízo de 2023 um resultado financeiro líquido negativo de R$ 5,2 bilhões no ano. Por conta de seu endividamento, a empresa teve despesas financeiras de R$ 7,1 bilhões no ano passado, apenas parcialmente compensadas por R$ 1,9 bilhão de receitas financeiras.
A Oi apontou uma posição de caixa de R$ 2,194 bilhões ao final de 2023, mas considerando aplicações financeiras. No balanço detalhado, o saldo final em caixa em dezembro do ano passado era de R$ 1,79 bilhão, denotando queima de caixa diante dos R$ 3 bilhões do final de 2022.
Oi Fibra
Principal negócio da tele, o Oi Fibra resultou em uma receita de R$ 4,421 bilhões ao longo de 2023.
No ano, houve salto de 10,5% na linha, sendo que no quarto trimestre, o incremento anual era de 1,9% (foram faturados R$ 1,098 bilhão). A empresa menciona o cenário competitivo mais acirrado da banda larga e o cenário macroeconômico ainda desafiador como obstáculos.
A Oi encerrou 2023 com 4,02 milhões de clientes de fibra (+2,9%), com receita média por usuário (ARPU) de R$ 91 ao mês, praticamente estável. Foram 119 mil clientes adicionados no ano passado, bem abaixo dos 530 mil registrados em 2022. O nível de ocupação (take-up) da rede usada pela empresa recuou de 19,8% para 18,2%.
Oi Soluções
Visto como um dos ativos remanescentes na Oi em caso de venda da base de clientes de fibra, a Oi Soluções fez R$ 2,281 bilhões em 2023, ou queda de 2,5% na comparação com 2022. No quarto trimestre o recuo foi ainda maior na divisão B2B – queda de 9,3% -, para receita de R$ 540 milhões.
Neste caso, contribuíram para os números negativos a oferta de serviços de telecom (queda de 8,9% no ano) e de outros serviços descontinuados do portfólio, mas ainda com contratos ativos. Já os serviços de TIC – considerados a alavanca de crescimento no segmento – subiram 29% em 2023, chegando a R$ 678 milhões no ano e a 31% da receita da vertical Oi Soluções. Entram aqui operações de cibersegurança e cloud, por exemplo.
Legado
A receitas oriundas da rede de cobre e atacado que a Oi classifica como "legado" resultaram em R$ 1,424 bilhão em 2023, em recuo de 40%. No quarto trimestre, a linha teve queda de 45%.
Já a operação de DTH – que pode ser transferida pela Oi para credores de satélites – somou receita de R$ 1,040 bilhão ao longo de 2023. Isso significa queda de 16% no ano. No quarto trimestre o recuo foi de 19%.
Com a subsidiária Serede, que tem prestado serviços para a V.tal, foram apurados R$ 446 milhões em receitas no ano, em alta de 10% no ano. Mas no quarto trimestre a linha já tinha recuo de 5,5%, refletindo menor ativação de contratos de fibra.
Custos
A Oi reportou em 2023 uma queda de 5,6% nos custos e despesas de rotina, que somaram R$ 9,736 bilhões no ano. No quarto trimestre, contudo, tais custos cresceram 5,2% em uma comparação anual "pelo efeito pontual da reversão de valores relacionados a impostos".
No consolidado do ano passado houve queda nos gastos da Oi com serviços de terceiros (-14%) e com pessoal (-5,2%). Já a linha de aluguel e seguros – que reflete parte dos custos da tele com a V.tal – subiu 18%.
Investimentos
Refletindo um novo modelo operacional baseado no uso de redes neutras, o capex da Oi recuou 77% em 2023 na comparação com o ano anterior. Foram R$ 869 milhões aportados ao longo do ano passado, sendo R$ 186 milhões nos últimos três meses do exercício.