A Anatel pretende colocar em consulta pública as regras de uso da faixa de 6 GHz não licenciada (para WiFi 6E e 7) na modalidade outdoor, ou seja, ambientes externos. O procedimento será iniciado ainda na segunda quinzena de outubro, com uma tomada de subsídios, que trará a proposta a possibilidade de convívio com os sistemas de radioenlaces sem causar interferências por meio da gestão automatizada do espectro.
Segundo Carlos Baigorri, presidente da Anatel, após a aprovação da liberação de todos os 1.200 MHz da faixa de 6 GHz, o desafio agora é pensar em como usar a tecnologia na modalidade outdoor. "Em uma viagem que fizemos eu e [Abraão] Balbino à Califórnia, vimos como implementar essa tecnologia que permita usar essa faixa do Wi-Fi 6E outdoor. Por isso, é importante conversar com esses fornecedores, para que possamos ter um uso efetivo dessa faixa", disse o presidente da Anatel no evento "Wi-Fi 6E: possibilidades de negócio e soluções tecnológicas", organizado pela agência nesta terça-feira, 27.
Baigorri diz que a decisão da Anatel em liberar a faixa de 6 GHz aconteceu ao mesmo tempo em que discutia o edital do 5G. "Ou seja, viabilizamos a faixa de 6 GHz para o uso não licenciado, permitindo um ambiente o mais competitivo possível. A ideia é que especialmente os pequenos provedores usem essa faixa para permitir melhores serviços aos seus clientes", afirmou.
Sem interferência
Sidney Azeredo Nince, assessor da Superintendência de Outorga e Recursos à Prestação, explicou que para evitar a interferência nos enlaces, a proposta é de desenvolver o sistema de coordenação automática de frequências (AFC, na sigla em inglês) entre as antenas e os pontos de acesso (AP). "Precisamos definir os requisitos para o AFC: modelo de propagação, critério de instalação, definir frequência de consulta do sistema à base de dados e sistema de cadastramento", declarou.
O equipamento AP tem que ter a capacidade de geolocalização para que o radioenlace – um sistema de acesso fixo por satélite (FSS), no caso – possa "enxergar" e calcular os níveis de potência e propagação da frequência no ponto de acesso.
Homologação conjunta o FCC
Durante o evento, o Abraão Balbino, Superintendente Executivo da Anatel, disse que a agência está em conversas com a Federal Communications Commission (FCC), órgão regulador de telecomunicações dos Estados Unidos, para a possibilidade das duas agências reconhecerem mutuamente as homologações de equipamento emitidas. Isso aconteceria por meio da assinatura de um memorando de entendimento (MOU).
Segundo Balbino, essa é uma das agendas bilaterais da Anatel na Conferência Plenipotenciária (PP) 2022 da União Internacional de Telecomunicações, que está acontecendo desde a segunda-feira, 26, em Bucareste, na Romênia. (Colaborou Bruno do Amaral)
