A preocupação manifestada por Evandro Guimarães, vice-presidente de relações institucionais das Organizações Globo, no Senado Federal na semana passada, em relação à comercialização de publicidade pelos canais estrangeiros, tem um foco específico: a publicidade que é comercializada fora do País, mas que atinge o mercado brasileiro nos canais pan-regionais.
Guimarães causou polêmica entre programadores de TV por assinatura ao declarar que a publicidade nesses canais pagos é "evasão de divisas" e "contrabando" já que são "comerciais que estão gerando empregos lá fora, gerando lucro lá?. O problema, explica Guimarães, não é aquilo que é comercializado no Brasil, por meio de agências brasileiras. "Os comerciais produzidos no Brasil e vendidos aqui geram empregos no Brasil, e isso é bom. O problema é que há marcas mundiais, pan-regionais, que fecham pacotes lá fora, geram empregos lá fora, produzem seus comerciais lá fora e isso vem como parte de uma programação vendida no Brasil". Ele lembra que esse tipo de prática prejudica agências e veículos baseados no País. "Hoje, esse não é um problema econômico sério, porque a TV paga está em apenas 8% dos lares. Mas e quando estiver em 35%, 40%?", indaga o executivo. "Contrabando é a transferência de riquezas na marra, sem contrapartidas para o país. Por isso essas práticas são contrabando sim, porque estão vendendo lá fora a audiência e o poder de compra de brasileiros".
Para Evandro Guimarães, mais grave não é esse fato em si, mas o que ele pode significar. "O que eu quero chamar a atenção é para a questão do conteúdo, que pode ser produzido e viabilizado economicamente lá fora, sem gerar nenhum tipo de contrapartida para o País, e ser distribuído pelos meios convergentes por aqui. Esse é o problema grave, e o exemplo da programação internacional da TV paga, com esses casos de publicidade comercializada lá fora, é bom para ilustrar essa minha preocupação".
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