Capacitação e cronograma são desafios em inclusão digital escolar

Um dos aspectos apontados como desafiadores para as políticas de conectividade nas escolas por gestores que participaram nesta quarta-feira, 27, do seminário de Educação Conectada, em Brasília, é a capacitação de professores e alunos no uso das novas ferramentas digitais. Eles também apontaram a ausência de um cronograma mais claro sobre como será o processo de conexão das 136 mil escolas públicas para poder conciliar o avanço da conectividade com a contratação de outros recursos, como computadores, redes WiFi internas e conteúdos pedagógicos.

Alan Porto, Secretário de Educação do Mato Grosso e representante do GT de tecnologia do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), afirmou que pouco adianta levar tecnologia se não forem capacitados os professores. "Para isso temos um GT de tecnologia dentro do Consed. Vimos que só investir em conectividade não resolve o problema de defasagem tecnológica dos nossos estudantes e professores", afirmou, durante o evento organizado pelo TELETIME.

Destacando o trabalho feito no Mato Grosso, que em apenas dois anos saiu de 65% das escolas conectadas com links adequados para 95%, Porto aponta que existem diversas boas experiências sendo implementadas em diversos estados, que mostram que a formação é um elemento chave para uma inclusão digital nas escolas. Outro dado importante trazido é que, hoje, a maioria das matriculas efetivadas no ensino público vem das escolas municipais – as mesmas que no sistema escolar existente no Brasil, são as que possuem menos recursos. "Isso dificulta a formação da comunidade escolar nessa esfera", disse.

Notícias relacionadas

Ainda sobre formação de professores, Alan Porto citou a experiência implementada no Mato Grosso. "Mobilizamos todos para criar a formação destes profissionais. Em média, eles passam 16h em treinamento". Já sobre a política de conectividade implementada naquele estado, Porto disse que foram investidos R$ 30 milhões em conectividade, o que dá uma média de 145 mil reais por escola. "Hoje temos 94,4% das escolas do estado com Internet adequada e 65% delas possuem infraestrutura adequada para receber Internet", disse.

Ele também destacou a política de incentivo à aquisição de equipamentos direcionada aos professores e estudantes da rede pública de ensino. "Temos uma política também que permite ao professor comprar computador. Nós repassamos dinheiro para os profissionais fazerem essa compra, diretamente. O outro passo, era colocar o computador nas mãos dos estudantes. Começamos a fazer as compras e equipamentos direcionados", disse.

Realidades dos municípios

Vilmar Lugão de Britto, dirigente municipal de educação de Jerônimo Monteiro, no Espírito Santo, e presidente da Undime naquele estado, disse que a realidade dos municípios é desafiadora, pois administram a maior parte das matrículas e têm a menor parcela do orçamento. Problema ques e agrava ainda mais em áreas rurais.

Ele pontuou que hoje a maioria dos municípios brasileiros são os que tem 20 mil habitantes, e que possuem uma série de dificuldades financeiras e de infraestrutura. "Temos realidades divergentes nesses municípios, o que coloca para a coordenação da política pública de escola conectada um desafio grande de observar essas diferenças", disse.

Uma demanda de Vilmar Britto é em relação a um cronograma mais preciso de quando as escolas municipais serão conectadas pelos programas do Governo Federal, para que possa haver a mobilização prévia dos educadores e diretorias, assim como instalação de equipamentos.

Ele também colocou a Undime à disposição para ajudar a diagnosticar quais as reais dificuldades enfrentadas por professores e alunos nestes municípios. "A Undime pode sim ajudar no diagnostico dessas escolas. Nós conhecemos nosso público", disse.

Sobre formação, a diretora-executiva do CIEB, Julia Sant'Anna, destacou que é importante que as secretarias, especialmente as dos municípios menores, tenham acesso aos recursos. É preciso, na avaliação de Sant'Anna, um planejamento quer permita a essas secretarias saber quando terão em disponibilidade para os investimentos. Isso facilitaria, por exemplo, criar políticas locais para formação e aquisição de diversos serviços. "Acho fundamental termos um desenho do planejamento. Mas é complexo. A governança é complexa", afirmou. Para Julia Sant'Anna, a previsibilidade de um cronograma ordenado na forma de uma lista também ajuda gestores municipais a se planejarem.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!