As iniciativas do setor privado, e mesmo de dentro do governo, nos esforços de conectividade em escolas mostram algumas lições importantes que podem ser aproveitadas para uma maior efetividade das políticas públicas. Algumas experiências foram compartilhadas durante o evento Educação Conectada, realizado nesta quarta, 27, em Brasília.
Para Maria Teresa Lima, diretora executiva da Embratel para governo, um dos grandes desafios enfrentados pela empresa no atendimento dos contratos de conectividade em escolas começam pelos próprios desafios geográficos. "A realidade brasileira é sempre um grande desafio, e a gente precisa lembrar que conectar uma escola requer manutenção, suporte, atendimento, o que tem um custo muito mais elevado quando estamos falando dos rincões", diz.
Mas o principal desafio é tornar o processo simples para o gestor da escola, que é quem vai ter que lidar com aquilo todos os dias. "A tecnologia é o menor dos problemas. A gente pode conectar qualquer escola, mas esquece que o diretor escolar vai ter que lidar ao longo do tempo com computadores que quebram, com WiFi que desconfigura, com problema de link, com capacitação dos professores, conteúdos. Não podemos transferir para o gestror da escola todos os problemas", diz Lima, apontando o modelo de integração em um único fornecedor como o caminho mais simples.
Na mesma linha vai Sérgio Chavez, diretor de soluções da Hispasat e que participou do evento. Ele lembra que a empresa tem provido capacidade e soluções de educação conectada via satélite em diferentes projetos na América Latina, e a principal lição que fica é que não basta conectar. "É preciso capacitar, formatar um conteúdo adequado, dar continuidade para os projetos".
José Roberto Nogueira, CEO da Brisanet, assegura que hoje o Brasil tem plenas condições de ter escolas atendidas pelos provedores regionais, e que a definição de tecnologia de entrega da conectividade é apenas uma questão de avaliar os custos e a quantidade de escolas que serão servidas, em função das outras oportunidades de vendas na mesma região.
"A gente pode atender por fibra, por rádio, por 5G e por satélite. O importante é que se tenha recursos do Fust com condições subsidiadas, e que podem ser reembolsáveis, para conectar". Para ele, o modelo ideal de contratação é criando clusters, preferencialmente estaduais, para poder diversificar a quantidade de fornecedores e aproveitar o potencial dos operadores regionais.
Já a Vero Americanet tem, há três anos, um projeto de conexão em escolas voluntária, que chega a 125 escolas. Para Thamyris Gaida Alonso, gerente de relações institucionais, ESG e regulatório da empresa, hoje os desafios passam pelas dificuldades típicas de telecom, como acesso a postes, bem como acesso a recursos para políticas públicas. Mas o principal desafio seria a articulação com as prefeituras e secretarias que ficam na ponta, e que precisam necessariamente abrir as portas das escolas para o diálogo.
Já Marcos Pinheiro, diretor geral da ONG Escolas Conectadas, lembra que existem várias opções de conectividade e que em cada circunstância pode-se encontrar uma solução mais adequada. Ele ainda faz uma alerta. "Outro dia entregamos um piloto de conectividade com a Starlink no Norte do País e percebemos um problema potencial que é o fato de que depois de três quedas de energia, o equipamento perde a configuração", disse.